Política

"Nunca tivemos ministros da Educação tão ruins e um MEC tão perdido", critica Sérgio Majeski

Deputado estadual, que tem a Educação como bandeira principal de mandato, criticou gestão Bolsonaro e também deu nota vermelha para a atuação do Estado e dos municípios durante a pandemia

Foto: Léo Júnior/divulgação

O deputado estadual Sérgio Majeski (PSB) deu nota vermelha tanto para a gestão Bolsonaro quanto para o Estado e municípios, no quesito Educação, durante a pandemia de covid-19.

Em seu segundo mandato e sendo o parlamentar do legislativo estadual mais votado em 2018 com mais de 47 mil votos, Majeski foi bastante crítico num terreno que é a sua bandeira de atuação. 

“Nós já tivemos ministros muito ruins em nossa história, mas nunca tivemos ministros de Educação tão ruins e um MEC tão perdido”, declarou, referindo-se aos três ministros que ocuparam a pasta nos três anos de governo Bolsonaro, durante entrevista nesta quinta-feira (10) ao programa “De Olho no Poder com Fabi Tostes”, da Rádio Jovem Pan News Vitória (90.5 FM), comandado pela jornalista Fabi Tostes.

A nota zero de Majeski também se estendeu ao que foi feito, ou melhor, na sua visão, ao que deixou de ser feito pelos Estados, incluindo o Espírito Santo, e pelos municípios.  

“Tiveram tempo imenso para planejar, para equipar as escolas, preparar os professores, fazer uma busca ativa atrás dos alunos que não tinham acesso à internet. O governo do Estado lançou um programa dando dinheiro aos professores para comprar computadores e pacote de internet. Mas que treinamento foi dado a eles? Estados e municípios falharam, miseravelmente, em não ter planejado 2020 para 2021. Houve uma falha gritante”, declarou.

O deputado, que é professor de Geografia e mestre em Educação, apesar de estar no partido do governador Casagrande, não deixa o mandato do socialista fora de suas observações. 

A falta de planejamento em 2020 e em 2021, segundo ele, continua sendo uma ameaça ao futuro de milhares de crianças e adolescentes. 

“Já estava nítido no ano passado que em todas as questões de ensino houve falhas. Por exemplo, aumentou o número de alunos de 6 e 7 anos que não sabem nem ler e nem escrever. Desde agosto e setembro de 2021, visito escolas e ouço relatos de professores dizendo que há alunos do 6º ano que não sabem ler e escrever e que também não sabem as quatro operações básicas da Matemática. Todo mundo sabia disso. Qual o planejamento para 2022? Nenhum também. , lamenta. 

O parlamentar acredita que uma solução paliativa seria um programa estadual com abertura de escolas aos sábados para que houvesse nivelamento de conhecimentos entre os estudantes. “Haveria uma turma de alfabetização, uma turma de História, uma turma de Matemática, para dar reforço aos alunos que estão com mais dificuldades”, sugere.

Sobre o aparecimento de projetos de lei como o Escola Sem Partido e outras pautas ideológicas no ambiente de sala de aula, Majeski credita isto a um país polarizado que se tornou o Brasil a partir de 2018 e a falta de conhecimento do que realmente acontece nas escolas. 

“As pessoas têm que ir lá, conhecer a escola, conhecer o que os professores estão fazendo. Os professores, muitas vezes, não têm tempo nem de cumprir o seu conteúdo ali quanto mais vir com essa história de que estão ideologizando aluno, que estão ensinando aluno a ser gay. Um monte de absurdo. Discussão de gênero? Não tem nada disso acontecendo nas escolas. Hoje os professores têm até receio de falar determinadas coisas que são inerentes a sua matéria porque a gente tem histórico de aluno filmando professor, tirando uma frase de contexto. Isso é muito grave”, salienta.  

Para o deputado, o país deve se comprometer com a Educação, sem levar em consideração qual o posicionamento ideológico de quem está no poder. O projeto para a Educação deveria ser encarado como plano permanente de Estado e não de um governo específico. Ele cita nações como Japão, Coréia do Sul e Finlândia que revolucionaram seu cotidiano e, consequentemente, sua economia e seu modo de vida a partir de transformações em sala de aula. 

“A gente deveria estar afinado com projeto de Educação de médio e de longo prazo. Ou seja, pensar aonde a gente quer chegar. Para se fazer um projeto, deve-se detectar quais são os principais problemas. Vamos criar projetos para responder a esses problemas: infraestrutura das escolas (a pandemia escancarou em como as escolas estão atrasadas tecnologicamente falando). É fundamental tornar essas escolas tecnológicas, fundamental qualificar os professores, criar políticas sociais para amparar aqueles alunos que saem da escola porque precisam trabalhar, porque o pai morreu ou seja lá por qual motivo for. É isso que nos interessa.  Não importa se é esquerda, direita ou centro que está governando, mas nós deveríamos focar onde nós queremos chegar na Educação”, destaca.