No segundo dia da visita ao Rio de Janeiro, nesta quarta-feira (7), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que pretende construir mais 100 institutos federais de educação (IFs) em todo o País e defendeu investimento em escolas de tempo integral.
Lula voltou a dizer que o papel do Estado não é atender ao megaempresário, mas sim à parcela da população que precisa de assistência em educação e saúde.
Ele fez as afirmações na cerimônia de inauguração do Ginásio Educacional Olímpico Isabel Salgado, que também abriga uma escola municipal, no Parque Olímpico da Barra, zona oeste do Rio.
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No evento, ele anunciou a construção de dois IFs, um na Cidade de Deus, também na zona oeste, e outro no Complexo do Alemão, conjunto de favelas na zona norte da capital fluminense.
Em cada uma das duas novas unidades da capital serão investidos R$ 15 milhões. Os terrenos serão cedidos pela Prefeitura do Rio e os recursos estão previstos no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC).
Só no Rio, o governo federal planeja construir de institutos federais (IFs) em seis locais: nas cidades de Magé, Belford Roxo, São Gonçalo e Teresópolis, além das duas comunidades carentes da capital. As 100 novas unidades planejadas para o país consumirão um total de R$ 3,9 bilhões a serem repassados pela União.
Lula voltou a se queixar do fato de que investimentos em educação no Brasil serem comumente encarados como gasto.
“Durante muito tempo nesse país, educação para o povo humilde e necessitado nunca foi levada a sério. No Brasil, colocar dinheiro na educação é considerado gasto. Quando precisa aumentar salário de professor, fazer sala de aula, melhorar escola não é investimento, é gasto. É uma visão que só serve para desmoralizar o serviço público”, disse Lula.
Tempo integral
Segundo o mandatário, o atual governo “se rendeu” ao projeto do ex-governador do Rio Leonel Brizola e do antropólogo Darcy Ribeiro e vai investir pesadamente em escolas de tempo integral, onde crianças tenham acesso não só aos conteúdos programáticos, mas também à “alimentação, esporte e música”.
Em discurso minutos antes, o ministro da Educação, Camilo Santana, havia dito que haverá prioridade nos recursos do Novo PAC para a construção de escolas nesse formato.
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O presidente disse que o Brasil não pode ter estudantes deixando o ensino médio porque precisam trabalhar, e reforçou o empenho do governo no programa Pé-de-meia, que vai pagar uma espécie de mensalidade de R$ 200 a adolescentes matriculados na escola, sendo que a frequência acima de 80% e bom resultado acadêmico vão garantir mais R$ 1 mil ao fim de cada um dos três anos da última etapa escolar.
Segundo Lula, o investimento total do governo federal no programa será de R$ 7 bilhões.
“O papel do Estado não é atender ao megaempresário. O Estado tem que existir para as pessoas que precisam do Estado. Pega a dívida ativa brasileira, tem uns R$ 2 trilhões em dívidas lá. Vê se o pobre tem dívida? Não tem. O pobre não gosta de dizer que está devendo. Mas para o rico é charmoso dizer que pegou R$ 5 bi no BNDES, com juros de longo prazo para pagar em 15 anos”, afirmou.
Além de Santana, acompanham Lula a primeira-dama Janja da Silva, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, além dos ministros da Igualdade Racial, Anielle Franco, e da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo. A comitiva segue ainda nesta quarta para evento similar no Complexo do Alemão. Em seguida, Lula deve ir a agendas em Minas Gerais.
Aceno a Paes
Ao fim do discurso, Lula acenou politicamente ao prefeito Eduardo Paes, que tentará a reeleição na capital fluminense. O PT negocia a indicação a vice, o que ainda depende de articulação do partido do presidente com o PSD. De sua parte, Paes tem consolidado publicamente a boa relação com Lula, que compareceu a um jantar em sua casa na terça-feira, 6.
“Vocês têm um prefeito especial. O que a gente gostaria é que respeitassem a diferença do prefeito que vocês tiveram, do prefeito que vocês tem, do trabalho que ele faz”, disse Lula, em referência a Paes e seu antecessor no Rio, Marcelo Crivella (Republicanos).
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