Ainda que as próximas eleições sejam daqui a um ano e meio, as movimentações e articulações políticas já estão a todo vapor. Prova disso é o grande número de interessados em disputar as duas vagas ao Senado que estarão em jogo no ano que vem.
A coluna De Olho no Poder revelou, na edição anterior, quatro, dos oito nomes cotados para enfrentar o campo governista. São eles: o deputado federal Evair de Melo (PP), o deputado estadual Sergio Meneguelli (Republicanos), o ex-governador Paulo Hartung (sem partido) e o senador Marcos do Val (Podemos).
Mas há outros quatro que se somam à trincheira da oposição. Todos do mesmo partido: o Partido Liberal (PL), que traça uma estratégia nacional para ampliar sua bancada no Senado.
O PL capixaba, hoje, já conta com a cadeira do senador Magno Malta, presidente da legenda no Estado. Ele foi eleito em 2022, após ficar sem mandato por quatro anos ao não conseguir se reeleger em 2018. Mas o partido quer mais.
Após ter adotado uma estratégia de isolamento nas eleições do ano passado – e sem êxito –, Magno Malta mudou a postura e agora já aceita conversar com outras legendas para fechar alianças no Estado, visando às eleições do ano que vem.
E algo que já foi definido é que o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro no Estado terá uma candidatura própria ao Senado, podendo, na segunda vaga, até apoiar um nome de outro partido, desde que seja de direita ou de centro-direita, segundo informou a assessoria de imprensa do partido à coluna.
No entanto, qualquer apoio aos de fora fica para segundo plano. O foco do PL será em definir quem o representará nas urnas. Abaixo, quem está na corrida para ser “ungido” o candidato ao Senado pelo principal partido de oposição do Estado e do País.
Gilvan da Federal
Em seu 1º mandato na Câmara dos Deputados, Gilvan da Federal é a principal aposta do PL na eleição para o Senado. Assim como o grupo governista tem como “plano A” a eleição do governador Renato Casagrande (PSB) a senador, o PL tem a eleição de Gilvan como prioridade.
Ele foi o segundo deputado federal mais votado nas eleições de 2022 – obteve 87.994 votos, ficando atrás apenas de Helder Salomão (PT), que teve 120.337. Um aumento significativo de capital político se levado em consideração que em 2020 ele foi eleito vereador de Vitória com 1.560 votos.
Representante da extrema-direita e de perfil mais radical, o mandato de Gilvan – tanto na Câmara de Vereadores como na Câmara Federal – tem sido marcado por polêmicas e brigas. Em Vitória, foram diversas confusões durante as sessões e processos abertos por calúnia, difamação, violência política de gênero e racismo religioso.
Em Brasília, Gilvan chegou a se estranhar com o colega capixaba Marcos do Val (Podemos) e até com o senador Hamilton Mourão (Republicanos), ex-vice-presidente da República.
Mas, com uma postura de oposição ferrenha ao governo federal, com discursos pregando o anticomunismo, a anistia para os presos de 8 de janeiro e o impeachment de ministros do Supremo, além de ser fiel a Bolsonaro, ele atrai uma parcela considerável do eleitorado capixaba.
Por isso, ele desponta como a principal aposta do partido para o Senado.
Maguinha Malta
Filha do senador Magno Malta, Magda Santos Malta, mais conhecida como Maguinha Malta, também está no páreo. Ela está sendo preparada pelo pai para disputar sua primeira eleição no ano que vem.
Publicitária, radialista, musicista e produtora musical, Maguinha é assessora de Gilvan da Federal e tem acompanhado o pai em eventos partidários e em manifestações, como a que ocorreu no último domingo (16), no Rio de Janeiro, e contou com a presença de Bolsonaro.
Maguinha não somente participou, como posou para fotos ao lado do ex-presidente e de sua família e de lideranças nacionais do PL e da oposição. Nas redes sociais, Maguinha segue a mesma linha do pai, com militância forte e fiel ao bolsonarismo, conservadorismo e anticomunismo.
A filha de Magno Malta é o “plano B” do PL na disputa ao Senado, caso o projeto de fazer Gilvan senador não avance, segundo informou a assessoria do partido.
E o “não avançar” pode ser a decisão de Gilvan de não colocar em risco uma reeleição à Câmara, que aparentemente se mostra segura, para arriscar uma candidatura incerta ao Senado.
Mas, com ou sem Gilvan, o nome de Maguinha vem sendo trabalhado. Antes de ser cotada para disputar o Senado, o partido já fazia conjecturas sobre a possibilidade de Maguinha integrar a chapa federal. Nos bastidores, haveria até a possibilidade dela herdar o número de urna de Gilvan (2222) – informação que foi negada pelo PL.
O que é certo e confirmado pelo partido, é que a filha de Magno Malta não ficará de fora das eleições do ano que vem.
Deputado Callegari
Eleito com 16.842 votos em 2022, o deputado estadual Wellington Callegari está em seu primeiro mandato na Assembleia, mas já pensa em alçar voos maiores. Ele não pretende disputar a reeleição no ano que vem. Seu plano é concorrer ao Congresso.
Com um mandato pautado na oposição ao governo Casagrande na Assembleia, Callegari também é visto, no PL, como opção na disputa ao Senado. Juntamente com Maguinha, ele seria uma alternativa numa eventual ausência de Gilvan.
“Estou como pré-candidato a (deputado) federal, mas me coloco inteiramente à disposição do partido para a disputa do Senado. Se eu for a escolha do PL, irei para a disputa com força total”, disse Callegari ao ser questionado pela coluna.
O deputado tem Cachoeiro de Itapemirim como seu principal reduto, mas seu eleitorado está muito mais ligado a uma identificação ideológica do que geográfica – como normalmente ocorre com os mandatários do PL.
Em sua biografia, no site da Assembleia, Callegari afirma que seu mandato é pautado “no conservadorismo, com destaque para os lemas pró-vida, pró-armas, direito de defesa e livre mercado.”
Ele é formado em História e servidor de carreira do Tribunal de Justiça do Espírito Santo. É católico e ajudou na fundação do Ordem, Justiça e Liberdade (OJL), grupo voltado para a formação de novos líderes do mesmo espectro político e ideológico do deputado.
Carlos Manato
O ex-deputado federal Carlos Manato também não tem outro projeto político para o ano que vem: ele quer disputar o Senado. Ex-candidato ao governo do Estado em 2022 – inclusive conseguindo a proeza de levar a disputa para o 2º turno –, ele não cogita disputar novamente o Palácio Anchieta e nem a Câmara Federal: “O projeto para 2026 é me viabilizar para o Senado”.
Manato ainda está no PL, mas fazendo hora extra. O partido já deu sinais claros de que não dará legenda para Manato disputar o Senado ou qualquer outro cargo. As divergências entre Magno Malta e Manato chegaram a tal ponto, que o dirigente partidário nem considera mais o ex-deputado como filiado.
Mas Manato não pretende abrir mão da disputa por conta das rusgas no PL. Ele já tem se articulado e conversado com outras legendas que podem lhe abrir espaço. Uma delas é o Novo.
Em reunião recente com a sigla, Manato disse que foi lhe oferecido espaço para disputar, mas que as conversas estão apenas começando e que teria outras reuniões partidárias.
Ontem (17), ele posou para foto ao lado do prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), e do presidente estadual do Republicanos, Erick Musso. A imagem era para registrar a entrada da ex-deputada Soraya Manato (PP), que é esposa de Manato, na gestão Pazolini.
Segundo Manato, Soraya é pré-candidata à deputada federal em 2026. Porém, desde que perdeu a reeleição em 2022, ela estava sem visibilidade política – o que deve mudar agora, com a ex-deputada comandando a Assistência Social de Vitória.
Embora seja do PP – partido que é o principal aliado de Pazolini –, a entrada de Soraya no secretariado selou uma aliança com Manato. E é grande a possibilidade de Pazolini e Manato caminharem juntos no ano que vem. Vale lembrar que o prefeito é cotado para disputar o governo do Estado.
Em entrevista anterior à coluna, Manato admitiu ter votado em Pazolini. “Respeitosamente a Assumção, não fizemos campanha em Vitória, mas Soraya é filiada ao PP, votamos em Pazolini”.
Aliás, não ter apoiado alguns candidatos do PL na eleição do ano passado foi um dos motivos para que a rixa entre Magno Malta e Manato aumentasse.
Daqui até o ano que vem, a tendência é que o número de pré-candidatos ao Senado se afunile – tanto do lado governista como da oposição. Outros nomes também poderão surgir, principalmente bancados por legendas independentes ou que precisam marcar posição.
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