Política

Outdoor de apoio à cloroquina em Vitória é trocado por recomendação para tratar malária

A antiga peça foi removida pela empresa responsável pelo espaço, após a vigilância sanitária alegar que a mensagem feria "legislação acerca de propaganda de medicamentos"

Foto: Reprodução/ Twitter

Os apoiadores do presidente da República, Jair Bolsonaro, que usaram, em Vitória, a imagem do mandatário em um outdoor que fazia propaganda da hidroxicloroquina contra a covid-19 recuaram e removeram a menção explícita ao medicamento. Agora, após a remoção do outdoor, os responsáveis pelo anúncio mudaram o conteúdo, abrindo mão de referência direta à hidroxicloroquina.

A nova mensagem mantém que “tratamento precoce salva vidas” e traz uma mulher dizendo que “está com malária”. Historicamente, a doença é tratada com a substância cloroquina.

O anúncio, instalado em uma das principais avenidas da capital capixaba, desrespeitava normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e, para especialistas, podia configurar crimes como o de charlatanismo. A peça havia sido removida pela empresa dona do espaço e, agora, foi substituída.

Nas redes sociais, o deputado estadual Capitão Assumção (Patriotas) apresenta-se como o responsável pela propaganda. Sem mencionar as possíveis infrações legais e sanitárias, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) republicou um post do deputado que atribui a remoção ao “prefeito comunista” de Vitória. Chefe do Executivo municipal, o prefeito Luciano Rezende é filiado ao Cidadania.

A vigilância sanitária municipal havia notificado a empresa dona do espaço na semana passada, alegando que a mensagem feria “legislação acerca de propaganda de medicamentos”. A notificação foi suficiente para a empresa tomar a decisão de retirar o anúncio.

A peça continha a foto de Bolsonaro acompanhada dos dizeres “covid-19, tratamento precoce salva vidas” e a imagem de uma caixa de sulfato de hidroxicloroquina de 400mg. A medicação, que pode causar efeitos colaterais sérios, não apresenta eficácia comprovada contra a covid-19.

Foto: Reprodução Facebook

Ainda em julho, a Sociedade Brasileira de Infectologia recomendou que tratamentos com a substância fossem abandonados, em todas as fases da doença, inclusive para que recursos públicos não fossem desperdiçados.