Novo alvo do escritor Olavo de Carvalho, ideólogo de alas do governo Bolsonaro, o ex-comandante do Exército general da reserva Eduardo Villas Bôas afirmou que Olavo “passou do ponto” e que “dá a impressão de ser uma pessoa doente”.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o Villas Bôas, que hoje auxilia o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, defendeu que a melhor coisa a se fazer é não rebater os ataques do escritor à ala militar do governo.
“Rebater Olavo de Carvalho seria dar a ele a importância e a relevância que não tem e não merece. Ele está prestando um enorme desserviço ao país. Em um momento em que precisamos de convergências, ele está estimulando as desavenças. Às vezes, ele me dá a impressão de ser uma pessoa doente, que se arvora com mandato para querer tutelar o país.”
O general da reserva ainda criticou a forma como Olavo de Carvalho se refere aos militares. Recentemente, ele escreveu que o general Santos Cruz, ministro-chefe da Secretaria de Governo, era uma “bosta engomada”, e “um merda”.
“[Olavo] já vem passando do ponto há muito tempo, agindo com total desrespeito aos militares e às Forças Armadas. E, quando digo respeito, é impressionante que ele, como um homem que se pretende culto e inteligente, desconhece normas elementares de educação. É também muito grave a maneira como ele se refere com impropérios a oficiais da estatura dos generais Mourão [vice-presidente da República[, Santos Cruz [ministro da Secretaria de Governo] e Heleno [ministro] e aos militares em geral.”
Para o ex-comandante do Exército, Olavo e parte dos seguidores dele, incluindo os filhos do presidente, estão tomados por uma ideologia.
“Uma patologia muito comum que acomete todos aqueles que se deixam dominar por uma ideologia é a perda da capacidade de enxergar a realidade e a inconformidade de não ver todos os preceitos que ele professa serem implantados na sociedade.”
Ainda segundo Villas Bôas, caso o governo não dê certo, os militares terão sim que arcar com parte do ônus.
“Embora o que estejamos vivendo não represente as Forças Armadas no governo, mas pela importante presença dos militares em cargos de chefia, certamente uma parte da conta será debitada aos militares.