O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem contado com o apoio da maioria dos parlamentares capixabas no Congresso Nacional. Apesar das recentes suspeitas de irregularidades na compra de imunizantes, e a pressão para a abertura de um processo de impeachment, a fidelidade dos congressistas se mantém, ainda que seja silenciando diante de alguns temas.
A reportagem do Folha Vitória perguntou aos parlamentares sobre como avaliam os inúmeros pedidos de impeachment protocolados na Câmara Federal, sobretudo o último, chamado de “superpedido” por contar com mais de 40 assinaturas de partidos políticos, congressistas e entidades.
Dos oito parlamentares que retornaram, apenas dois se posicionaram favoráveis ao impeachmet: Helder Salomão (PT) e Fabiano Contarato (Rede). Soraya Manato (PSL) disse que não vê a “intenção do presidente da Câmara em abrir nenhum dos pedidos protocolados”.
Marcos do Val (Podemos) afirmou que não é favorável a nenhum pedido de impeachment, “já que não existe nada comprovado para tal”. Os demais parlamentares ouvidos não falaram sobre o tema.
Quando o assunto é suspeitas de irregularidades nas negociações de imunizantes por parte do governo federal, com exceção de Do Val, que acredita não existir irregularidades, todos defendem rigor nas apurações.
O deputado federal Felipe Rigoni (PSB) disse que vai aguardar um pouco mais para se posicionar sobre os dois assuntos.
Veja as considerações dos parlamentares:
Helder Salomão (PT)
“O superpedido de impeachment reúne dezenas de crimes cometidos por Jair Bolsonaro, apresentamos provas robustas que precisam ser analisadas. Vamos pressionar o presidente da Câmara para colocar em votação. A maioria do povo brasileiro não aguenta mais.”
“Sobre a Covaxin, está cada vez mais claro porque o governo está desesperado com a CPI. Cada depoimento fica mais evidente que o o governo Bolsonaro foi genocida e corrupto. Não comprou vacina porque queria propina. As investigações precisam avançar e os culpados punidos.”
Marcos do Val (Podemos)
“Não acredito que Arthur Lira abrirá nenhum pedido de impeachment neste momento. O parlamentar inclusive já declarou publicamente que não fará nenhum movimento antes do fim da CPI da Covid. Enquanto parlamentar, não sou favorável a nenhum pedido de impeachment. Não existe nada comprovado para tal. Além disso, o processo prejudica a economia do nosso país, pois traz instabilidade.”
“Sobre a Covaxin, também acredito que não há provas suficientes para qualquer investigação. Não há irregularidades. O contrato feito com a empresa Covaxin foi validado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e houveram erros apenas na emissão da invoice, posteriormente corrigidos. É preciso ressaltar, ainda, que não foram realizados quaisquer pagamento à empresa”.
Fabiano Contarato (Rede)
“Brasília está passando por tremores e a sombra do impeachment de Bolsonaro, antes vista com ceticismo pela própria oposição, parece ganhar vulto. Estamos diante de mais um escândalo que justifica o impeachment. Assinei o superpedido e reafirmo que temos que unir forças de todos que defendem a democracia para afastar um presidente cuja gestão omissa sabotou a vacinação contra a Covid e tem a digital nas mais de 518 mil mortes decorrentes do vírus.
Sobre as vacinas, as denúncias são gravíssimas e causa espanto que não haja, por parte da PGR, uma providência investigatória sequer. Não fosse a CPI, esse mórbido lamaçal de corrupção, que custou a vida de milhares de brasileiros, jamais viria à tona”.
Da Vitória (Cidadania)
“Temos uma CPI no Senado aberta para apurar justamente este assunto. A apuração deve ser feita com isenção, de forma equilibrada e sem politização. Se houver realmente alguma prova de irregularidade, a PGR, que já está acompanhando o caso, tem a prerrogativa de agir e propor as ações cabíveis. O mais importante no momento é que a CPI conduza a apuração com responsabilidade, sem pré-julgamentos e de forma isenta”.
Norma Ayub (DEM)
“Precisamos apurar a fundo toda verdade sobre todos fatos que estão surgindo na CPI do Senado, e com isso identificar o grau de responsabilidade de cada agente público, em cada patamar de hierarquia. Inclusive temos que auditar cada centavo enviado aos estados para combate à COVID-19, e apurar como foi aplicado pelos Governadores.
Soraya Manato (PSL)
“Não vejo intenção do Presidente da Câmara em abrir nenhum dos pedidos protocolados. Defendo a investigação da denúncia. Deve ocorrer sim!”
Amaro Neto (Republicanos)
“Todas as denúncias estão sendo tratadas no âmbito da CPI, conforme prevê a legislação, e precisam ser apuradas com rigor e imparcialidade”.
Lauriete (PSC)
“Estou acompanhando a CPI do Senado com atenção nas denúncias, que devem ser apuradas, mas só vou pronunciar após um estudo mais profundo dos fatos. Defendo rigor nas investigações e aguardo o término da CPI para realmente saber a extensão das denúncias”.