Política

"Perdeu-se a oportunidade de fazer justiça", diz Jack Rocha sobre Chiquinho Brazão

Deputada do ES criticou cassação do parlamentar por falta às sessões da Câmara e não por suposto envolvimento com a morte de Marielle Franco

A deputada federal Jack Rocha
Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados

A deputada federal Jack Rocha (PT), representante do Espírito Santo na Câmara dos Deputados, disse que o caminho escolhido pela Mesa Diretora da Casa para cassar Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) foi “politicamente incoerente”.

Ao não acolher o relatório aprovado no Conselho de Ética e ao evitar o debate público em Plenário, perdeu-se a oportunidade de fazer justiça com transparência e de afirmar o Parlamento como espaço democrático de verdade, escreveu a presidente do PT no Estado.

O também deputado federal, acusado de mandar matar a vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco, em março de 2018, perdeu o mandato nesta quinta-feira (24) por faltar um terço das sessões legislativas da Câmara, e não pelo suposto crime.

Sendo assim, Brazão perde o mandato, mas mantém o direito de disputar eleições.

No Conselho de Ética da Câmara, onde a petista foi a relatora da cassação do parlamentar, o grupo votou a favor da punição por quebra de decoro parlamentar pela suposta participação do deputado no crime.

Se o caso fosse a plenário e a maioria dos deputados votasse pela cassação de Chiquinho Brazão, ele ficaria inelegível por oito anos. No entanto, a tramitação foi travada e não seguiu para o debate.

Para Jack, os obstáculos para se chegar à decisão representam “um atalho que evitou o enfrentamento político necessário”.

Segundo ela, a violência política “se esconde em ‘movimentos justificáveis’, mas que, no fundo, são tentativas veladas de apagamento”.

“Sei o que é ver uma decisão justa, legal e corajosa ser tratada como afronta apenas porque partiu de uma mulher petista que se recusa a ser instrumento de omissão”, afirmou a deputada.

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Conforme Jack, a apresentação do relatório no Conselho de Ética é um “ato de coragem política, de compromisso com a ética e de fidelidade à democracia em nome da justiça e de todas as mulheres que ousam ocupar os espaços de poder com dignidade e firmeza”.

Sobre o assassinato de Marielle Franco, a parlamentar escreveu que tal violência “não pode encontrar abrigo no Parlamento”.

“Não podemos aceitar que o medo e a omissão ditem o rumo das decisões. É nesse momento que se mede a coerência de cada bancada, de cada movimento, de cada liderança”.

Cassação de Chiquinho Brazão

A decisão de cassar Chiquinho foi assinada pelo presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB).

Motta usou como motivo um trecho da Constituição que prevê a perda do mandato do parlamentar que acumula faltas.

Brazão não comparece à Casa desde que foi preso, em março do ano passado, em uma operação da Polícia Federal (PF) que prendeu os acusados de mandar matar a vereadora.

Desde o início da legislatura, em 2023, Chiquinho Brazão compareceu a 84 das 203 sessões deliberativas. Ou seja, ele esteve presente em apenas 41% dos encontros.

Cléber Lopes, advogado de Brazão, afirmou que pretende retomar o mandato do agora ex-parlamentar se ele for absolvido no processo que tramita no STF sobre a execução da vereadora.

“Nossa expectativa é tentar absolvê-lo no Supremo e tentar reestabelecer o mandato dele mais adiante”, afirma Cléber Lopes, advogado de Brazão.

*Com informações do jornal O Estado de S. Paulo.

Julia Camim

Editora de Política

Atuou como repórter de política nos veículos Estadão e A Gazeta. Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa, é formada no 13º Curso de Jornalismo Econômico do Estadão em parceria com a Fundação Getúlio Vargas.

Atuou como repórter de política nos veículos Estadão e A Gazeta. Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa, é formada no 13º Curso de Jornalismo Econômico do Estadão em parceria com a Fundação Getúlio Vargas.