Política

Peritos confirmam que voz em áudio com pedido de propina é de vereador de Guarapari

Por causa de gravação com pedido de dinheiro a empresários, Dito Xaréu chegou a ser cassado na Câmara da cidade, mas voltou com liminar

Foto: folha online
Dito Xaréu disse á época que voz na gravação era “muito parecida”, mas não era dele

Os áudios que circularam em grupos de conversa de um aplicativo de mensagens, que apontavam suposta negociação de propina entre o vereador de Guarapari Marcial Almeida, conhecido como Dito Xaréu (Solidariedade), e empresários do ramo de entretenimento são do vereador. A conclusão é do laudo do Departamento de Criminalística da Superintendência de Polícia Técnico Científica. O documento ficou pronto nesta terça (3).

No dia 1° de setembro de 2019, o ex-vereador negou que a voz nos áudios fosse sua. “A voz não é minha. Pode ser parecida com a minha, mas não é”, disse Dito Xaréu na ocasião.

Nos áudios é possível ouvir o parlamentar dizendo a um interlocutor, que seria um empresário de Guarapari:

“Vai dar tudo certo, eu preciso que faça aqueles 50% para poder batizar os meninos aqui beleza? É seis… seis mil”.

Em outro trecho, Xaréu fala:

“É seis agora para protocolar e o homem vai vetar, com certeza. Derrubando o veto são mais seis, entendeu? Fala com eles. Vou tirar foto e mandar para você, para poder já correr atrás desses seis pros meninos até quinta-feira na próxima sessão”.

A negociação seria para a aprovação de uma lei para beneficiar empresários do ramo de entretenimento da cidade, em troca de R$ 6 mil. A Câmara faria a Lei Municipal de Eventos, que segundo os áudios seria vetada pelo prefeito. Logo depois, o vereador teria cobrado mais propina para derrubar o veto (R$ 6 mil).

De acordo com o laudo técnico da polícia, “o resultado suporta fortemente a hipótese do locutor vereador Dito Xaréu ser a fonte das falas questionadas”. O laudo também aponta que não houve qualquer tipo de edição nos trechos de áudio analisados pelos peritos da polícia.

Xaréu foi alvo de uma comissão processante da Câmara de Vereadores em 2019 e foi investigado por 180 dias. Os vereadores chegaram à conclusão que ele estava envolvido com o caso de propina e no dia 14 de novembro ele foi cassado. Mas, no dia 29 do mesmo mês, o vereador entrou com recurso e o juiz Gustavo Marçal da Silva e Silva determinou a volta do vereador à Câmara por não ter ocorrido perícia nos áudios. A Câmara de Guarapari chegou a entrar com recurso para derrubar a decisão liminar do juiz, mas o recurso foi negado pelo Tribunal de Justiça do Estado.

Depois da conclusão dos laudos a direção da Câmara de Guarapari informou que já encaminhou um pedido à Justiça para que a cassação de Dito Xaréu seja retomada. Agora, aguarda a decisão que pode sair nas próximas horas.

A reportagem entrou em contato com o vereador Dito Xaréu. Ele informou que estava em viagem e não se pronunciaria sobre o assunto. Xaréu disse que só o advogado dele pode falar. A reportagem tentou contato com o advogado Marcos Bitencourt, mas até o fechamento desta reportagem ele não atendeu as ligações.