Em encontro realizado nesta segunda-feira (21) integrantes do diretório do PMDB do Espírito Santo formalizaram o desembarque do governo da presidente Dilma Rousseff.
“Estamos criando as condições para que no dia 29 nós tenhamos uma boa reunião com legitimação para dar o passo seguinte, onde o partido todo possa assumir essa posição de desembarque. Essa decisão tem um papel de confirmar a saída”, afirmou à reportagem o deputado federal e presidente estadual do PMDB do Espírito Santo, Lelo Coimbra.
No dia 29 de março, integrantes do Diretório Nacional do PMDB devem se reunir para tomar uma decisão oficial a respeito de uma possível saída da legenda do governo Dilma.
Lelo Coimbra acredita que as manifestações dos Estados na Convenção Nacional do partido, fortalecidas agora pelos Diretórios, apontam para esse desfecho de desembarque do governo. Mas questionado sobre a permanência de Temer, o deputado federal afirmou que ele “é vice-presidente, eleito pelo voto popular”, sinalizando uma permanência do vice.
A data do encontro seria mais longíqua. Entretanto, foi antecipada justamente pelo vice-presidente da República e presidente nacional do PMDB, Michel Temer, após a presidente Dilma Rousseff convidar o deputado federal Mauro Lopes (PMDB-MG) para assumir a Secretaria de Aviação Civil.
O convite foi considerado pela cúpula do PMDB como uma “afronta”, uma vez que ocorreu logo após a Executiva Nacional proibir, em convenção, o ingresso de qualquer correligionário em cargos do governo federal.
Com a decisão de hoje, o diretório do Espírito Santo é o segundo a formalizar o afastamento do governo. O primeiro a tomar tal iniciativa foi o diretório de Santa Catarina.
No caso dos capixabas, a previsão é que a entrega dos cargos sob o comando de integrantes da legenda no Estado ocorra, contudo, somente a partir do próximo dia 29. Além dos dois Estados, a expectativa é de que o diretório do Rio Grande do Sul também engrosse a lista e tome decisão similar no dia de hoje.
Aliança PMDB X PSDB
Questionado sobre a aliança, firmado em nível nacional, entre PMDB e o PSDB, além das conversas realizadas nos últimos dias entre Michel Temer e José Serra que poderiam sinalizar a formação de um governo em caso do impeachment de Dilma Rosseff, Lelo Coimbra afirmou que é necessária cautela.
“Entendo que a gravidade do momento e a conjuntura que se forma requerem muita cautela e prudência. Temos um governo constituído, em curso, embora em crise. Então não cabe tratar de um governo futuro”, disse.
O deputado federal também minimizou as conversas entre seu partido e as demais siglas, ao dizer que “as conversas entre forças e partidos numa crise como essa é compreensível e natural”.
Mas também condenou movimentações que sugiram ameaça à democracia. “Quaisquer movimentos fora da legalidade democrática, que sugiram golpe, devem ser evitados”, finalizou.