
O Podemos, sigla que no Estado é presidida pelo deputado federal Gilson Daniel, reafirmou o compromisso de continuar na base do governo Casagrande e apoiar o projeto do grupo para 2026.
O projeto consiste na eleição do governador Renato Casagrande (PSB) ao Senado e do vice-governador, Ricardo Ferraço (MDB), ao Palácio Anchieta.
A “renovação dos votos” foi realizada em Viana, durante um almoço nesta sexta-feira (11), organizado pelo prefeito Wanderson Bueno do município – que é secretário-geral do Podemos. Por testemunhas, prefeitos, vices e outras lideranças do partido, além de Ricardo Ferraço – o convidado especial.
O Podemos é um aliado histórico de Casagrande. Gilson Daniel já foi secretário no mandato anterior do governador, embora no momento, o partido não conte com representantes no primeiro escalão – por decisão do presidente partidário.
Assédio
Porém, ultimamente, o partido tem sido assediado a migrar para outros palanques – leia-se, para o lado da oposição liderado pelo prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, e por seu partido, o Republicanos.
Nos bastidores, haveria um interesse do Republicanos em atrair o Podemos para formar um bloco – contando ainda com o PL, PP e o PSD – para enfrentar o grupo de Casagrande no ano que vem.
O Republicanos até deu passos para se aproximar de Gilson Daniel, aproveitando que o deputado e o governador não chegaram a um consenso sobre o nome a indicar no primeiro escalão do governo.
No início desse ano, Casagrande iniciou uma reforma política no secretariado e abriu espaço para o Podemos indicar um nome, já que o partido não se sentia representado pela secretária de Governo, Emanuela Pedroso, que à época ainda estava filiada ao partido de Gilson Daniel – ela se desfiliou e mudou para o PSB no último dia 31.
Gilson indicou o próprio nome ao governador, mas foi recusado, por conta da suplência que abriria na Câmara Federal, permitindo que o ex-secretário da Segurança Coronel Ramalho, que virou oposição ao governo Casagrande, assumisse como deputado.
Sem um acordo, Gilson desistiu de indicar um nome ao primeiro escalão, mas afirmou que continuaria na base aliada, embora ainda não houvesse nenhuma garantia sobre 2026.
Agora, porém, o deputado bateu o martelo e se havia alguma dúvida sobre o lado em que estará no ano que vem, ela foi dissipada hoje:
Temos lado, temos história e temos responsabilidade com o Espírito Santo. O nosso apoio é ao projeto político que tem transformado o nosso Estado com equilíbrio, responsabilidade fiscal e investimentos nos municípios. Estamos juntos com Casagrande, Ferraço e todos que acreditam na boa política e na boa gestão pública”, disse Gilson, em nota encaminhada à coluna.
Gilson é candidato à reeleição no ano que vem, mas já foi citado pelo governador como um eventual “plano B”, se o projeto de eleger Ricardo ao Palácio Anchieta não se viabilizar.
Além dele, os nomes dos prefeitos Arnaldinho Borgo (Vila Velha) e Euclério Sampaio (Cariacica), além do ex-prefeito Sergio Vidigal (Serra) e do deputado federal Josias da Vitória também foram citados como possíveis sucessores de Casagrande.
“Só não trabalhou quem não quis”
Wanderson, que foi o anfitrião do evento, endossou a aliança. Em entrevista à coluna De Olho no Poder disse que é preciso manter o legado de Casagrande no Estado, principalmente com relação à parceria com os municípios.
“Só não trabalhou quem não quis, o governador foi muito parceiro dos municípios, com convênios e com investimentos do Estado mesmo. Olha a taxa de reeleição dos prefeitos. Então, há a necessidade de manutenção desse modelo de governança no Estado, não podemos perder tempo e nem colocar o Estado em risco”, disse Wanderson.
O prefeito também defendeu o nome de Ricardo ao governo. “Quem representa esse projeto político é o Ricardo e ele tem prestado um bom serviço ao Espírito Santo há muito tempo, como vice-governador, senador e agora como vice de novo. O Podemos chancela que Ricardo é o melhor nome para o Espírito Santo”, disse Wanderson.
E se for Arnaldinho?
Questionado se o apoio seria mantido caso o projeto do governo mudasse e o candidato ao Palácio Anchieta fosse o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (sem partido), Wanderson desconversou.
“É cedo para falar sobre isso. Declaramos apoio político ao Ricardo e acreditamos que ele chega com viabilidade para disputar a eleição. Não tem como antecipar essa discussão. Qualquer decisão diferente do que é hoje, o governador vai chamar para uma conversa. Hoje é Ricardo e acredito que será Ricardo”, disse Wanderson.
No final do mês passado, numa carta endereçada à presidência nacional do Podemos, Arnaldinho pediu a desfiliação da sigla. Ele não relatou os motivos, mas nos bastidores é de conhecimento público que sua relação com o presidente estadual, Gilson Daniel, não era das melhores.
Já Wanderson é aliado e afilhado político de Gilson, os dois fazem parte do mesmo grupo político que comanda Viana há quatro mandatos. Nos bastidores, Arnaldinho teria o interesse de comandar o Podemos no lugar de Gilson, e até teria tentado, via nacional, mas sem sucesso. Dentro do partido ainda há um mal-estar sobre o assunto.
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