Apesar de todos os transtornos causados pelos violentos atos de vandalismo dos últimos dias, os capixabas ainda se mostram favoráveis às manifestações, desde que pacíficas e ordeiras, como eram no começo. A respeito disso, uma declaração feita pelo comandante do BME da PM-ES, coronel Ramalho, sintetiza o desafio de quem tem que lidar com o problema. “A sociedade tem de se manifestar neste momento. É isso que ela quer?”, questionava o oficial, após a prisão de mais de 40 pessoas acusadas de envolvimento nos atos de depredação. O problema central é: vandalismo e violência são atos aceitáveis? Podem ser considerados como parte do protesto?
A pergunta do comandante do BME não poderia ser mais oportuna. Já passou da hora da sociedade se posicionar sobre o que está acontecendo nas ruas. Aliás, parece que os cidadãos já se posicionaram. Basta percorrer as redes sociais ou as seções de participação dos leitores/ouvintes/telespectadores para ter certeza que a grande maioria da população já não aguenta mais os transtornos, prejuízos e, principalmente, a violência provocados por esse grupelho. Mistura de extremistas com oportunistas, eles definitivamente não representam a sociedade capixaba.
Estabelecido que tais grupos não têm legitimidade, resta a tarefa de determinar com lidar com eles. E para isso, não é preciso ouvir especialistas, nem lideranças, nem a opinião pública. O código penal fornece todo o roteiro para que estas pessoas sejam responsabilizadas por seus atos. O mais importante é não aceitar que atos de puro vandalismo e terrorismo sejam disfarçados de militância e protesto.
Por falar em militância, talvez seja o caso de investigar os grupos envolvidos na violência das manifestações e seus verdadeiros objetivos. O fato concreto é que as constantes ações de depredação e violência afastaram das ruas as famílias e cidadãos pacíficos que tornaram as primeiras manifestações os mais belos exemplos de mobilização democrática dos últimos 20 anos. Sendo assim, a quem interessa o esvaziamento das passeatas? Está na hora de juntar as peças do quebra-cabeça.
Enquanto isso não acontece, é importante que este tipo de comportamento seja desestimulado, por meio da punição exemplar dos detidos. Mais importante que uma eventual detenção, seria importante o ressarcimento dos prejuízos e a reconstrução de tudo que destruíram. Claro, de cara limpa, sem máscaras. Seria muito educativo passar em frente ao Palácio Anchieta e encontrar esses jovens, sem poder esconder o rosto, limpando e restaurando tudo que destruíram.
E antes que alguém venha com a mesma ladainha, isso não é criminalização dos movimentos sociais. Ao tratar vândalos e terroristas exatamente como vândalos e terroristas, as ruas ficarão livres para as verdadeiras manifestações e movimentos sociais.