Em depoimento na CPI do Pó Preto, nesta quinta-feira (23), o diretor-presidente da Vale, Murilo Ferreira, que faltou na reunião da semana passada, se comprometeu a ressarcir os prejuízos causados pela poluição emitida pela mineradora. Mas a indenização só deverá ocorrer depois que for identificado o DNA do pó e relacionado com a empresa, o que deverá ser analisado por órgãos ambientais.
Durante o depoimento, no entanto, Ferreira alegou que o problema da poluição não atinge somente a Grande Vitória. Segundo ele, até no Leblon, bairro nobre do Rio de Janeiro, onde ele mora, moradores convivem com a poeira.
“Nós acreditamos que as regras estabelecidas em Vitória são rígidas e estão alinhadas com a OMS. Não temos nenhum reparo a fazer, pois as regras foram feitas pelas pessoas designadas pelo processo eleitoral. Moro no Leblon, numa rua que não tem trânsito, e quando vou à varanda temos que levar um pano molhado por causa da poeira”, disse.
Participaram da reunião extraordinária os deputados Rafael Favatto (PEN), Euclério Sampaio (PDT), Erick Musso (PP), Dary Pagung (PRP) e Gilsinho Lopes (PR), além do diretor de Pelotização, Armando Maurício Max, do gerente de Meio Ambiente, Romildo Fracalossi, e do diretor de Operações, Maconi Vianna. O plenário contou também com a presença de vários funcionários da empresa.
O diretor-presidente da mineradora se comprometeu em reduzir em 20% as emissões de partículas na atmosfera até 2020.
Segundo o deputado Gilsinho, a reunião foi bastante produtiva, já que o diretor-presidente se comprometeu a ressarcir a sociedade dos prejuízos causados pela poluição.
“Ele reconhece que parte da emissão é de responsabilidade da empresa. Mas vamos pedir um estudo do DNA da poluição. Queremos saber qual a proporção de lançamento por parte da empresa para que se possa aferir responsabilidades”, contou o deputado Gilsinho.
O parlamentar explicou que deverão ser analisados documentos e condicionantes de instalação das usinas, observando quais as normas não foram cumpridas.
“O presidente da Vale garantiu que a empresa quer ressarcir a população, mas somente depois do resultado do DNA do pó preto. Moradores da Ilha do Boi e da Ilha do Frade amargam prejuízos. Para pintar as casas, por exemplo, têm de gastar cerca de R$ 20 mil”, apontou Gilsinho.
Ainda durante a reunião extraordinária, a empresa disse estar prevendo um investimento em torno de R$ 65 milhões até 2020 para atender as demandas ambientais. “Dissemos que esse valor é insignificante. A empresa investiu em wind fenses, barreiras de vento, mas ainda há o vento Nordeste e as partículas saem por cima”, lamentou Gilsinho
A CPI ainda deverá ouvir médicos, IEMA e Seama. No dia 08 de maio estão previstas duas visitas técnicas: Vale (manhã) e Samarco (tarde). Já no dia 15, deverão ser ouvidos os representantes da ArcelorMittal.