Política

Protocolo de volta às aulas volta à pauta na Assembleia

Com decisão de governo de não definir volta às aulas em agosto, deputado quer retomar projeto que cria protocolo seguro para retorno de estudantes

Foto: Leonardo |Tononi/Divulgação

O governo anunciou que as aulas presenciais na rede estaduais ainda não voltam em agosto, em função do novo coronavírus. Em pronunciamento, o governador Renato Casagrande informou que um protocolo de segurança sanitária deve ser estabelecido nesta semana para possibilitar a volta às aulas com segurança no Estado. Ao mesmo tempo, o Senado aprovou na semana passada, a flexibilização do calendário escolar. Em meio à pandemia, as escolas estão autorizadas a ter menos do que 200 dias letivos, desde que sejam cumpridas as 800 horas letivas. O ano letivo 2020 também pode ser concluído no ano que vem, segundo as regras aprovadas pelos senadores. Mas, a discussão sobre o retorno da atividade escolar presencial no Estado ganha cada vez mais corpo não só no governo como também na Assembleia.

Nesta segunda, a Casa deve voltar a discutir a tramitação em regime de urgência de um projeto do deputado Sérgio Majeski (PSB) sobre a criação de protocolos de segurança para a volta às aulas. Para o deputado, que também faz parte da Comissão de Educação da Assembleia, o governo deve aprovar um protocolo inadequado e falta discussão com setores da sociedade sobre o tema.

“Pelo que sei há uma minuta pronta desse protocolo. Mas informalmente, porque não recebemos informação. Tenho receio que coloquem álcool gel , exijam uso de máscaras e pronto. Isso não é segurança para os alunos e professores”, afirmou o deputado, que é professor há mais de 30 anos.

Majeski acredita que o governo tem falhado em se posicionar, não tem ouvido quem mais é prejudicado pela parada, que são alunos e seus pais, e não tem tratado o problema como deveria.

“A questão de flexibilizar, aprovada pelo Senado, é óbvia. Entendemos que neste momento precisamos pensar no cumprimento das horas. Tem um conteúdo mínimo que tem que ser cumprido. Sobre as medidas tomadas aqui no Estado, o Grupo de Trabalho da Secretaria de Estado da Educação (Sedu) não ouve quem mais é afetado por essa parada, que são os pais de alunos. A Associação de Pais e Alunos não participa do Grupo de Trabalho e é fundamental participar. Na Assembleia, ficamos sabendo das medidas pelo jornal, a Sedu não tem comunicado à Comissão de Educação e nem tampouco convidado para participar”, colocou Majeski.

O deputado acredita que o ensino via internet não tem alcançado os alunos e não tem surtido efeito. “Temos percentual de alunos que não acompanharam atividade virtual. Alunos que ninguém sabe onde estão. Uma parte não tem internet, equipamento e o que vamos fazer? Cumpre o ano e esquece esses meninos? Qual a estratégia para resgatar esses estudantes? Mesmo quem acompanhou integralmente, não tem estatística. Essas atividades até agora são apenas para manter ocupado nesse período. Não há uma continuação do programa escolar. Não está havendo aula virtual, com professores”, afirmou.

O secretário de Estado da Educação, Vitor de Angelo rebateu as ponderações do deputado Majeski. “É importante sair do terreno das opiniões e passar para evidências. Temos experiências não presenciais que podemos citar. Mesmo sem computador, com orientações da Sedu no programa escolar, tivemos escolas rurais que chegaram a ter presença de 94% dos alunos. Em Afonso Cláudio, tivemos 80%”, salientou o secretário.

“Problemas existem, mas com um programa muito bem estruturado, pensado para a pandemia, vamos atrás das pessoas que não são alcançadas. Essas pessoas não são esquecidas, fazemos uma busca ativa, temos que ir atrás, usando a televisão ou não, internet ou não estamos chegando à maior parte”.

Sobre o diálogo com os pais de alunos, Vitor de Angelo afirma que a Sedu tem se esforçado para manter o diálogo. “Com relação aos pais, quem são? Se temos 240 mil alunos, um pai e uma mãe, quem são essas quase 500 mil pessoas? Como encontrar, definir o coletivo que representa? Existe uma associação de pais, a Assopais que faz parte do Fórum de Educação, com o qual estamos discutindo, estão dentro da discussão. Precisamos falar com clareza. Não pode alguém dizer que os pais não estão sendo ouvidos. Tudo isso está sendo acompanhado pelo Ministério Público, que não tem nenhuma ação contra a Sedu”.

“A Assembleia tem sido grande parceira, há deputados militantes. E está representada no Fórum de Educação. As medidas que tomamos são administrativas, envolvem o trabalho da Sedu e estamos divulgando, promovendo audiências para que mais pessoas possam discutir”.