Presidente do Partido Social Liberal (PSL) no Espírito Santo, Carlos Manato comentou sobre as declarações da deputada federal, Soraya Manato, a respeito das candidaturas laranjas nas eleições de 2018. O ex-deputado garante que a fala de sua esposa foi no sentido de que outros partidos têm mais casos do que a sigla do presidente da República, Jair Bolsonaro. Além disso, afirma que entre os capixabas, não há nada semelhante.
“O PSL não teve candidaturas laranjas no Espírito Santo. O problema dela (Soraya Manato) é que ela foi muito honesta, muito sincera. Aí você pega um trecho e parece até que ela era uma laranja. A pessoa dá uma interpretação pelo trecho. Tem que observar a quantidade do percentual dos outros partidos”, disse Carlos Manato em entrevista ao Folha Vitória.
O ex-secretário especial para a Câmara dos Deputados no governo Bolsonaro alega que Soraya Manato se referia a uma comparação com os partidos de esquerda. “O que acontece é o seguinte: o ministro do Turismo (Marcelo Álvaro Antônio) está indiciado. A polícia só indicia alguém quando tem provas concretas, senão não vai indiciar alguém à toa. Tem laranja ou não no PSL? Tem. Olha, 11 partidos tem mais candidaturas laranjas do que o PSL: PT, PSOL, PCdoB, eles falam que PSL tem laranja, mas eles são piores do que o PSL. Quando ela deu a declaração, foi sobre isso”, justificou.
A deputada federal Soraya Manato se posicionou a respeito do caso:
Antes de tudo, gostaria de esclarecer que no Espírito Santo o PSL participou das eleições de 2018 com duas candidatas: uma teve 57.741 votos e a outra, em torno de 12 mil votos. Portanto, o PSL Estadual não praticou crime algum. Mas, devido a insistência de alguns parlamentares que seguem apontando que no PSL houve candidaturas consideradas “laranjas” nas últimas eleições, utilizei o microfone do Plenário para mostrar que há uma ampla investigação e que, a maioria dos partidos brasileiros estão possivelmente cometendo essa prática.
Acusam o PSL de ter 15,9% de possíveis candidatas laranjas, mas partidos como o PT (11%), PP (10,5%), MDB (14,6%), PSD (20%), PR (28,5%), PSB (12,5%), estão com possibilidades de utilizarem deste artifício, Mas, quero chamar a atenção também do Podemos com 35,5%, o PTB com 34,8%, o PROS com 40% e o PSOL com 27,1%.
Então, como falei em Plenário, não tem ninguém santo. Antes de acusar o meu partido, procurem ver o que os outros partidos fizeram e verifiquem se também estão sendo investigados.
O caso
A deputada federal capixaba Soraya Manato (PSL) admitiu, durante sessão plenária na Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (15), que a legenda lançou candidaturas ‘laranjas’ para a campanha eleitoral de 2018. A declaração no momento em que a sigla passa por uma crise interna que opõe aliados do presidente do partido, Luciano Bivar (PSL-PE) e do presidente Jair Bolsonaro.
“Então, pessoal da esquerda, não tem ninguém santo aqui dentro, não. Tem laranja em tudo que é partido. Aqui no PSL tiveram candidatos laranja, mas a grande maioria foi eleito honestamente”, disse.
Crise no PSL
A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta terça-feira, a Operação Guinhol para apurar supostas fraudes na aplicação de recursos destinados a candidaturas femininas em Pernambuco. O deputado federal Luciano Bivar (PSL-PE), presidente do PSL, está entre os alvos da ação, que cumpre nove mandados de busca expedidos pelo Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE).
Segundo a PF, há indícios de que os recursos destinados às candidaturas de mulheres foram usados “de forma fictícia” e “desviados para livre aplicação do partido e de seus gestores”.
Em meio à briga interna no PSL, o presidente Jair Bolsonaro disse, nesta quarta, que não quer “tomar o partido de ninguém”, mas cobrou a divulgação dos gastos da sigla. Perguntado se deseja a saída do presidente do PSL, Bolsonaro disse que não defende “nada”. Ainda afirmou não ter mágoas sobre ninguém. “Minha resposta é transparência para tudo”, disse.
No último dia 8, Bolsonaro externou a crise no partido ao pedir a um militante que “esquecesse o PSL” e dizer que Bivar estava “queimado para caramba”. Desde então, a sigla está rachada em grupos pró-Bivar, que ameaça até expulsão de dissidentes, e pró-Bolsonaro, que avalia uma forma de deixar o partido sem abrir mão de mandato e dinheiro do fundo partidário.