Política

"Quero ser governador do Espírito Santo um dia. Se vai ser em 2022 não sei", diz Rigoni após deixar partido de Casagrande

Sobre nova filiação, Rigoni adiantou que tem conversas adiantas com o PSDB, Podemos e DEM, mas que ainda vai dialogar com outras siglas

Foto: Reprodução / Instagram

O deputado federal Felipe Rigoni (sem partido) deixou, oficialmente, o PSB após autorização judicial, nessa terça-feira (13). A reportagem conversou com o deputado capixaba sobre os planos a partir de agora. 

Sobre a nova filiação, Rigoni adiantou que pode ocorrer ainda no primeiro semestre deste ano, e que tem conversas adiantas com o PSDB, Podemos e DEM. 

“Eu quero um partido em que eu possa formar lideranças com essa visão de mundo liberal social, e que a gente possa construir isso não só nacionalmente, mas em especial no Espírito Santo”. 

O deputado não descartou candidatura para o governo do Estado em 2022. “Eu quero sim ser governador do Espírito Santo um dia. Se vai ser em 2022, não sei. Não tem como saber. Mas com certeza eu quero estar preparado pra isso”. 

Rigoni também afirmou que quer participar ativamente das discussões sobre um nome de “centro” para a presidência da República. “A gente cair em um segundo turno entre Bolsonaro (sem partido) e Lula (PT) é de chorar, é um desastre para o nosso País”. 

Confira abaixo a entrevista completa:

Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

A expectativa em relação ao PSB foi frustrada? 

Com certeza. Eu imaginava que o PSB iria continuar com a sua linha mais ao centro, que era a linha que o Eduardo Campos tinha construído e que é a linha do Renato Casagrande. E isso simplesmente foi frustrado completamente e negado na hora da Reforma da Previdência. 

O senhor está sendo sondado por várias legendas. Do que o senhor não abre mão no novo partido? 

Primeira coisa é que eu preciso ter algum alinhamento programático com o partido. Eu quero um partido não em que eu possa ser um independente como eu era no PSB, mas que eu vá construir a posição programática junto com a sigla. Que eu possa formar as lideranças com essa visão de mundo liberal social, e que a gente possa construir isso não só nacionalmente, mas em especial no Espírito Santo. Essa é a principal coisa. E claro, eu vou partir pra gente construir um grupo de pessoas que será os próximos líderes públicos do Espírito Santo. A gente tem uma geração de bons líderes públicos que está terminando e a gente precisa da próxima geração. E aí sim, com uma visão liberal, mas também progressista nas questões sociais. 

O senhor falou que não quer a independência que tinha no PSB. Pode explicar melhor? 

Eu não quero ser dentro do partido alguém deslocado. Eu era um cara meio independente da visão do PSB e eu não conseguia construir direito. Então eu quero uma legenda em que eu consiga construir essa visão liberal social para o nosso País e para o nosso Estado. E que essa construção seja coerente para o partido também. 

Acha que tem algum partido que vai possibilitar esse cenário para o senhor? 

Acho que vários podem possibilitar esse cenário. O próprio PSDB que já me convidou, tem um certo alinhamento. O Podemos também, já conversei bastante com o Gilson, com Renato Abreu, o próprio DEM… tem outros ainda que estou conversando pra ver qual se encaixa melhor. 

Esses três citados são os com negociação mais avançada? 

São os que eu já conversei mais. Mas ainda vou conversar com muitos outros. Não vou deixar de conversar com ninguém. Eu espero ter essa decisão nesse semestre. Mas tudo depende das conversas que vou ter. Participar de uma construção que já está acontecendo também não é simples. Mas vou levar o tempo necessário. Não vou ter pressa nisso não. 

O DEM traz um alinhamento com o presidente Bolsonaro. O senhor tem um posicionamento crítico ao governo federal. Vai buscar, necessariamente, um partido de oposição ou não levará isso consideração? 

Não busco partido de oposição, busco partido centro liberal. O DEM não é necessariamente alinhado ao Bolsonaro. O DEM é um partido que é de centro-direita, liberal na economia, relativamente independente apesar de ter uma certa proximidade. Mas poderia ir, não vejo problemas com isso. Mas não vou deixar de ter minhas críticas ao Bolsonaro de jeito nenhum. 

Vai buscar a reeleição em 2022? 

Eu quero estar preparado para o que os capixabas acharem melhor, para estar em qualquer cargo, seja de deputado, seja de governador. Óbvio que não é uma decisão. Não tenho nem como decidir isso. Mas eu quero estar preparado pra qualquer coisa. 

Há chance de se candidatar a governador nas próximas eleições? 

Lógico que há chance. Eu quero sim ser governador do Espírito Santo um dia. Se vai ser em 2022 não sei. Não tem como saber. Mas com certeza eu quero estar preparado pra isso. 

Caso não seja candidato ao governo, pode apoiar Casagrande? 

Lógico. Eu tenho uma relação muito próxima com o governador. Eu tenho críticas obviamente ao governo, mas acho que é um governo que entrega. Tem a possibilidade de apoiá-lo, mas tudo tem que ser construído junto com o partido para onde vou. O governo acertou bastante durante a pandemia, com alguns erros, porque todo mundo vai ter. 

E quais são as críticas?

Acho que têm algumas falhas em termos de projetos para o Estado. Na agricultura, por exemplo, tem uma falha muito grande, não tem sido bem assistida pelo governo do Estado. A gente poderia fazer no Espírito Santo um polo tecnológico muito maior do que já tem. No fim das contas tem que criar projeto de futuro para o Estado. 

Em âmbito federal, o senhor vai buscar papel de destaque nas discussões para a presidência da República?

Eu quero muito fazer parte desse grupo de centro que tem que conseguir formar uma terceira via. Não é uma tarefa fácil, simples, mas a gente precisa conseguir. Eu estou muito dedicado a isso. Eu acho que a gente cair em um segundo turno entre Bolsonaro (sem partido) e Lula (PT) é de chorar, é um desastre para o nosso País. É ficar entre o autoritarismo e o atraso.