Em meio à guerra política que se instaurou entre o atual governador do Estado Renato Casagrande e o ex-Paulo Hartung, o presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Marcos Guerra, declarou que a instituição não irá apoiar nenhum partido, no entanto, Guerra defendeu a manutenção da unidade política no Estado que culminou com a eleição de Casagrande em 2010.
FV- Em ano eleitoral, como a Findes pretende se comportar nesse cenário político no Espírito Santo. Vai apoiar algum candidato? Pretende ouvi-los?
Marcos Guerra: Tanto o governador Casagrande quanto Paulo Hartung, ambos, são dois talentos da nossa política, dotados de capacidades. Na minha opinião, eles deveriam caminhar juntos. Essa disputa é um desperdício, os dois deveriam jogar no mesmo time. A Federação não vai apoiar um ou outro. Vamos tentar contribuir com as duas candidaturas no que pudermos
FV- O senhor foi reeleito presidente com 100% dos votos e assume a gestão 2014-2017. Quais são as expectativas para este novo mandato?
Marcos Guerra: Dar continuar o trabalho já desenvolvido, defendendo os interesses das indústrias capixabas.
FV- O senhor consegue destacar ou resumir os pontos mais importantes nesses últimos três anos à frente do Sistema Findes?
Marcos Guerra: Iniciei o primeiro mandato com 71 ações. Buscava o fortalecimento da instituição, ou seja, o industrial dentro da federação. Entre as nossas demandas, priorizamos a interiorização com uma indústria mais diversificada, contemplando os principais pólos industriais do Estado. Focamos na formação profissional, que é uma necessidade da indústria do Espírito Santo. Ouvimos a classe industrial e fortalecemos a instituição junto aos poderes constituídos.
FV- Existe algum desejo que não foi priorizado ou não deu tempo de fazer no antigo mandato que o senhor pretende realizar?
Marcos Guerra: Sim, o Espaço Cultural, que chamam de “Restaurante Giratório”.
FV: O Restaurante Giratório é assunto pertinente no dia a dia do capixaba. Como andam as obras? A Federação trabalha com um prazo de entrega?
Marcos Guerra: Sim. Pretendemos realizar a entrega do restaurante em 2015 e terá um novo conceito: será um espaço cultural, dotado de um restaurante giratório. O estudo já está pronto. Vamos acabar as obras de reforma em nossa sede e daremos continuidade no espaço cultural, que recebeu algumas modificações. O espaço cultural poderá receber exposições das indústrias estaduais e de diversos outros setores.
FV: Um possível racionamento de energia elétrica é um assunto que preocupa os empresários capixabas?
Marcos Guerra: Esse assunto preocupa não só o Espírito Santo, mas todo o País. Já estamos preparando no SESI e no SENAI campanhas para buscar forma de economizar energia. Incentivos e campanhas de conscientização já deveriam ter sido preparadas. Um possível racionamento prejudicaria o setor industrial do Espírito Santo e nacional.
FV- O Brasil vive um momento financeiramente delicado. A estimativa é que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha um crescimento muito abaixo do desejado. É possível dizer se a indústria capixaba vai ter crescimento em 2014?
Marcos Guerra: Eu estou muito otimista para esse ano. Nos últimos quatro anos a indústria do Espírito Santo cresceu 39% a mais que a indústria nacional. Vislumbro um 2014 de sucesso. Além das indústrias que já estão instaladas aqui, temos grandes projetos que serão inaugurados. O estaleiro Jurong, em Aracruz, a Quarta Usina da Vale e a Oitava Usina da Vale, tudo isso nos faz acreditar que será um ano promissor.
FV- A Findes anunciou um investimento de R$ 150 milhões. Alguma parte deste valor será destinada à educação?
Marcos Guerra: Com certeza. Cerca de 80% desde montante será destinado à qualificação profissional. Este ano será de muito trabalho e sucesso. Estamos construindo o Centro Integrado de Anchieta, pretendemos fazer a escola nova do SENAI em Cachoeiro de Itapemirim, entre uma série de projetos. Aperfeiçoamos os nossos laboratórios, gastamos mais de R$ 20 milhões nessas reformas, tudo para tornar os laboratórios uma extensão da indústria moderna.
O entrevistado
Marcos Guerra iniciou sua atividade industrial aos 19 anos, no ramo do vestuário. Em sua trajetória associativa, foi fundador e presidente do Sindicato da Indústria do Vestuário de Colatina. Na Findes desempenhou diversos cargos de direção importantes: foi presidente do Conselho de Assuntos Legislativos (Coal) e do Conselho de Desenvolvimento Regional (Cinder), e vice-presidente do Sistema no período de 2003 a 2008. Foi Senador suplente no período de 2003 a 2011, tendo assumido o mandato em duas oportunidades. Atualmente é presidente do Sistema Findes (CINDES, SESI, SENAI, IEL, IDEIES e IRI).