Política

Renan Calheiros ataca Onyx Lorenzoni e diz que Casa Civil tentou minar sua candidatura

Os senadores estão sendo convocados por Estado representante, de três em três, para votar em seu candidato

Foto: Agência Brasil

Em discurso como candidato à Presidência do Senado, Renan Calheiros (MDB-AL) acusou o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, de ter atuado para minar a sua candidatura. De acordo com o senador, o ministro foi o responsável por vazar para a imprensa uma ligação que o presidente Jair Bolsonaro fez para ele, na última quinta-feira, 31.

Na versão de Renan, Bolsonaro teria ligado para agradecer por uma mensagem publicada pelo senador desejando pronta recuperação de sua saúde. “Em nenhum momento ele tratou de política comigo”, disse. Já a versão publicada por diversos veículos jornalísticos foi de que foi Bolsonaro quem parabenizou Renan por ele ter vencido a disputa interna no MDB pela indicação para a disputa. “Com que pretensão a Casa Civil vazou o próprio telefonema do presidente? Será que quem fez isso tem a dimensão institucional necessária para um momento difícil do País”, questionou o senador no púlpito do plenário. Para o senador, o motivo teria sido justamente a tentativa de esvaziar a sua candidatura.

No início de seu discurso, Renan afirmou que não é candidato à presidência apenas pelo fim nela mesma. “Nunca postulei, nunca tracei como projeto pessoal perseguir as glórias efêmeras ou exercer os poderes fugazes decorrentes de funções, por mais cobiçadas e distintas que possam parecer aos olhos de alguns senadores desta Casa”, disse.

No fim de seu discurso, Renan voltou a se referir a Lorenzoni, embora não tenha citado o nome do ministro em nenhum momento. O senador afirmou que Lorenzoni empregou parentes seus em cargos no Senado e no governo federal.

A esposa de Lorenzoni, Denise Verbeling, é funcionária do gabinete de Davi Alcolumbre (DEM-AP), principal adversário de Renan na disputa. De acordo com reportagem do jornal Folha de S.Paulo, o ministro da Casa Civil também assinou a nomeação da mulher do seu chefe de gabinete, Marco Rassier Filho, para um cargo de assessora especial no Ministério da Cidadania.

“Não podemos aceitar. O povo derrotou a maioria dos senadores por isso e, também por isso, eu ganhei”, disse Renan.

Assim que encerrou sua fala, que durou mais tempo do que as dos outros candidatos, o senador Marcos do Val (PPS-ES) rebateu Renan e disse que, caso seja eleito, o resultado “envergonhará o Brasil”. “Ontem, os velhos aqui, ao invés de darem exemplo, deixaram os novos com vergonha”, completou.

Discurso

Ao longo de sua fala, Renan prometeu recuperar a credibilidade do Senado e garantir a sua independência. O senador voltou a se comprometer com a aprovação da reforma da Previdência, tema primordial para o governo de Jair Bolsonaro, e disse que será “liberal em tudo o que significar soltar as rédeas do Brasil para que ele possa correr em pista livre e muito conservador em tudo o que signifique retrocesso às nossas garantias e direitos constitucionais”.

Renan também prometeu criar uma secretaria especial de assuntos constitucionais, de caráter consultivo, para analisar todos os projetos que passarem pela Casa.

O emedebista disse que já pediu ao Supremo Tribunal Federal a indicação de um jurista “impecável” para comandar o novo órgão, de preferência um ex-ministro da Corte.

Votação

Após o discurso de Renan, o presidente em exercício do Senado, José Maranhão (MDB-PB), abriu o processo eleitoral para a escolha do novo presidente da Casa.

Os parlamentares vão usar uma cédula de papel e depositá-la numa urna de madeira. Cada bloco pode indicar um senador para fiscalizar a votação junto à Mesa.