Política

"Governantes devem olhar para os mais pobres", afirmam bispos em carta para capixabas

Representantes da Arquidiocese e dioceses católicas do Espírito Santo estão reunidos em Roma, em unidade com o Papa Francisco

Foto: Vatican News/Reprodução

Uma carta foi divulgada por representantes da Arquidiocese e dioceses católicas do Espírito Santo nesta quinta-feira (20), que estão reunidos em Roma, em unidade com o Papa Francisco, manifestando posicionamento político direto sobre o 2º turno das eleições no Brasil e, em especial, no Espírito Santo.

Para a alta cúpula, os novos governantes eleitos devem ser aqueles que dirijam o olhar sobre os mais pobres e vulneráveis, “que sofrem ao longo dos anos, com a ausência de políticas públicas voltadas para o seu bem-estar integral, conforme ensina a Doutrina Social da Igreja”.

> Quer receber nossas notícias 100% gratuitas pelo WhatsApp? Clique aqui e participe do nosso grupo de notícias!

A manifestação, divulgada no site da Regional Leste 3 da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), foi incisiva em dizer que boatos que circulam sobre fechamento de igrejas não podem se sobrepor à situação de insegurança alimentar em que vive os mais pobres.

A carta também condenou o ódio e a violência que vêm sendo disseminados tanto nas ruas, quanto nas mídias sociais. “Não podemos admitir que o nosso Estado retroceda na garantia de direitos, na confiança e seriedade das instituições, no combate a toda forma de violência que provoca tanto prejuízo, dor e sofrimento ao povo, principalmente aos pequenos e empobrecidos”. 

Confira documento na íntegra:

A publicação por vezes chama a escolha a ser tomada pelos fiéis no segundo turno de “Melhor Política”, que é explicada, ao final do conteúdo, como sendo a política do “bem comum”.

A carta vem no mesmo tom de declarações do Papa Francisco ao longo do papado, que vem conduzindo de preocupação com os mais vulneráveis e de uma vivência de amor e paz entre os cristãos, excluindo o uso desordenado de armas e o crescimento da violência.

Outra carta já havia sido divulgada antes do 1º turno

Ainda em julho deste ano, uma carta foi divulgada por representações católicas no Estado, orientando fiéis sobre as eleições de 2022. Dentre os princípios afirmados, estiveram a defesa da causa ambiental, da vida e da justiça social, com consequente contrariedade ao aborto e à causa armamentista. A manifestação foi divulgada no site da Regional Leste 3 da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

O documento, de caráter político-religioso, fazia menção a passagens bíblicas e repudiava ideologias que contrariem a fé cristã. O teor da carta, sem meias-palavras, também atacava a forma como a gestão da pandemia de covid-19 foi feita por autoridades federais e estaduais. Confira trecho que consta ainda do início do manifesto:

Os olhos dos profetas não se desviavam da real situação do povo de Deus. E nós, como pastores, não podemos deixar de sentir no coração o momento crítico em que vive o País e a situação à qual foi lançada a maioria de nosso povo, em particular os mais pobres, aos quais Jesus outorgou a herança do Reino dos Céus (cf. Lc 6, 20)”, diz a carta.

Os bispos de fato não pouparam palavras e citaram o momento social em que está imerso o mundo e, em especial, o país. “No Brasil, porém, os efeitos dessa crise foram reforçados e tiveram maior impacto sobre a população pela incompetência, insensibilidade, corrupção e preocupação com interesses próprios por parte das autoridades que deveriam cuidar de nosso povo”, acrescentou.