Política

Sabatina dos candidatos ao governo tem ataques a Casagrande

Adversários do governador criticaram o fato de o socialista manter nomes políticos em seu secretariado. Alguns chegaram até a falar em constantes casos de corrupção nas secretarias

Foto: Assessoria de Imprensa

O ES em Ação e a Rede Empresarial promoveram, nesta quinta-feira (15), o evento “Diretrizes Diretrizes -Encontro com candidatos ao Governo do Espírito Santo”, com o objetivo de ouvir dos postulantes ao cargo de chefe do Executivo estadual as suas respectivas propostas para temas como educação, meio ambiente, modelos de negócio, modernização da gestão pública, segurança pública e equipe de governo.

A sabatina contou com a presença de Audifax Barcelos (Rede), Carlos Manato (PL), Guerino Zanon (PSD) e Renato Casagrande (PSB), os quatro candidatos mais bem colocados nas últimas pesquisas de intenção de voto. 

Chamou a atenção o fato dos três primeiros candidatos sabatinados no evento terem centralizado suas falas, mesmo no momento reservado à apresentação de suas propostas de governo para os capixabas, em críticas a Casagrande, candidato à reeleição, especialmente no que se refere à equipe de governo montada pela socialista. 

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Primeiro candidato a ser sabatinado, Audifax, por exemplo, disse que diferentemente do que fez Casagrande, optará por um secretariado de perfil exclusivamente técnico, sem ligações partidárias. 

O ex-prefeito da Serra chegou a citar, sem especificar que tipo de irregularidades teriam sido cometidas, supostas práticas de corrupção em secretarias e autarquias do governo, entre elas a Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) e o Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema).

“Se você pegar e analisar cada secretaria, 80% dos secretários são indicação política e partidária. E eu falo onde está cada um desses partidos. É uma questão de ‘toma lá dá cá’. Ai, vêm as consequências, que são corrupção no Detran, na secretaria da Fazenda, na secretaria de Agricultura. É uma lista que ultrupassa mais de quinze casos de corrupção. Eu, como governador, terei uma equipe de competência”, disse Audifax.

Guerino, o segundo entrevistado da manhã, também mirou o modelo de gestão implantado por Casagrande, lançando críticas semelhantes às de Audifax contra a nomeação de perfis políticos para chefiar as principais pastas do governo.

“Esse governo não fez gestão pública, usou apenas a carteira do partido para ocupar os principais cargos do Espírito Santo. Já foi assim lá em 2014, e vocês viram o buraco que foi deixado. Vamos administrar o Estado com competência e diálogo com a população”, afirmou o ex-prefeito. 

Manato foi outro candidato a explorar o assunto envolvendo a presença de nomes políticos na atual estrutura de governo. Ao ser questionado sobre que quadro formará, caso eleito, o ex-deputado disse que aplicará critérios rigorosos na montagem de seu secretariado.

“Não farei indicação com base em partidos políticos. Um dos primeiros critérios que vou exigir é que a pessoa tenha pós-doctor, além de ser ficha limpa”, pontuou o candidato, também fazendo menção a supostas práticas de corrupção em secretarias do governo.

Críticas de candidato

Um momento inusitado da sabatina ficou por conta de Manato. O candidato chegou ao local do evento visivelmente irratado.  Na hora de se apresentar ao empresariado, disse que aquele formato de entrevista estava equivocado, com perguntas cujas repostas poderiam, facilmente, ser combinadas com os demais concorrentes.

 “A crítica foi porque os candidatos receberam as perguntas antes. Se você recebe as perguntas antes, acaba estudando os temas. Aí, não é sabatina”, destacou Manato ao Folha Vitória.

O que diz a organização do evento

A reportagem procurou os organizadores da sabatina para comentar a colocação de Manato. Assim que a resposta for enviada, este texto será atualizado.

Casagrande responde

Mesmo que de maneira indireta, Casagrande, que foi o último sabatinado do evento, acabou por responder `às críticas em relação ao fato de ter nomes políticos compondo o seu secretariado. 

A fala, inclusive, foi feita diante de uma plateia formada majoritariamente por secretários e subsecretários de Estado, que chegaram ao encontro acompanhando o governador.

A reposta do socialista veio quando ele foi perguntado sobre como pretende montar sua equipe de governo, caso reeleito, para o mandato que começa em janeiro de 2023.

Sobre as supostas fraudes nas secretarias, citadas pelos candidatos, o governo foi procurado para comentar o assunto, mas não retornou e nenhum dos contatos da reportagem.

“Na minha equipe, a pessoa precisa ser respeitosa com as instituições, que saiba conviver com as diferenças, como tem sido hoje e será no pr´óximo mandato; gente que tenha capacidade técnica e sensibilidade política. Muitas vezes, só o perfil técnico não adianta. Sensibilidade política é fundamental. Se alguém da minha equipe errar, não tenho compromisso com o erro, mando embora, exonero”, disse.

Projeto

O Diretrizes é um projeto do ES em Ação realizado a cada ciclo eleitoral com o objetivo de reunir e priorizar propostas para o diálogo estruturado com candidatos aos cargos em disputa nas eleições.