Nesta terça-feira (20), a Rede Vitória/Futura divulgou mais uma pesquisa de intenção de votos. Desta vez, os eleitores de São Mateus foram entrevistados para apontar como está a corrida eleitoral no município. Após a divulgação dos números, especialistas analisaram, ao vivo, os detalhes do levantamento feito com eleitores da cidade no programa Especial Eleições 2020.
Os dados referentes à pesquisa foram tema do programa com a mediação do jornalista Edu Kopernick. Participaram do especial a comentarista de política Gabriela Cuzzuol e o sócio-diretor da Futura, José Luiz Orrico. O vídeo com a análise completa pode ser conferido na página de vídeos Eleições 2020.
O levantamento apontou que o atual prefeito da cidade, Daniel Santana (PSDB), está na frente na preferência do eleitor. Segundo a pesquisa espontânea, em que o eleitor responde à pergunta: “Se a eleição fosse hoje, em quem você votaria para prefeito de São Mateus?”, o atual gestor aparece com 29,3% das intenções de voto. Em seguida vem Carlinhos Lyrio (Podemos) com 7,8%. Ferreira Júnior, do Solidariedade, tem 6,5%.
Na sequência, Laurindo Barbosa (PSL) aparece com 2%; Nilis Castberg tem 1,5%; Eliezer Nardoto (PRTB) tem 1%; Eneias (PT) fica com 0,5%; Hubstenyo Cajá (PSD) tem 0,3%; e Dr. Mauro (Rede) tem 0,3%. Não sabe, não respondeu, indeciso tem 36,3%. Ninguém, branco e nulo fica com 13,8%. Outro tem 1%.
Diluição de votos
Um dos pontos comentados pelos especialistas é a quantidade de candidatos que concorrem ao cargo de prefeito em São Mateus. São 10 nomes na disputa para um colégio eleitoral, relativamente, pequeno. São cerca de 84 mil votantes. Para Orrico, este fato pode explicar a liderança na pesquisa pelo atual gestor, Daniel Santana. “Os prefeitos dessas cidades menores, com volume de candidatos muito grandes e medianamente avaliados, acaba, na partida, saindo na frente. Há um índice consolidado de que, ou terá um candidato saindo sozinho ou a eleição já começa consolidada”, disse.
Gabriela explica que os eleitores que se opõem à atual gestão e não desejam votar para a reeleição, encontram várias opções e isso implica na diluição dos votos entre os demais candidatos. “O número de candidatos dilui os votos do que se chama ‘oposição’. Se houvessem dois candidatos mais fortes, haveria um candidato mais próximo ao Daniel. Ele já é prefeito e é super conhecido. É natural que haja essa quantidade de votos. Quem faz a oposição e busca outra opção, encontra muitos candidatos. A briga é difícil e ele [Daniel Santana] fica com mais vantagem”, comentou.
Polêmicas
O caso da condenação do atual prefeito e candidato à reeleição, Daniel Santana, foi lembrado pelos especialistas. Conhecido como Daniel da Açaí, ele chegou a ter o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-ES) por abuso do poder econômico decorrente da distribuição de água em período de crise hídrica no município. Posteriormente, a decisão de cassação do mandato e a inelegibilidade foi revertida e ele foi absolvido.
“Esse caso ganhou repercussão nacional. Ele chegou a ser afastado da prefeitura, por distribuir água durante uma crise hídrica na cidade. Ele foi condenado, mas alguns ministros não identificaram dolo. Ele é inocente aos olhos da lei. Ele é um prefeito que está com mandato vigente e tem a máquina pública a seu favor. Neste período de pandemia, a população está vendo as gestões muito consistentes. Daniel é um prefeito muito assistencialista. Por uma série de fatores, ele se posiciona na frente”, comentou Gabriela.
Preferência dos mais pobres
Daniel Santana é lidera, também, a preferência dos eleitores de classes D/E, que predomina no município. As atitudes assistencialistas do candidato, em sua gestão como prefeito, podem interferir na hora do voto. No entanto, os especialistas destacam que a campanha está apenas no início e pode haver crescimento de outro candidato.
“O volume de candidatos em São Mateus permite que, aparentemente, o Daniel possa ter uma eleição confortável. Pode ser que algum candidato cresça durante a campanha e consiga tirar o Daniel da liderança. São Mateus tem uma classe D/E muito grande e ele opera muito com o social. A condenação, por exemplo, foi por distribuir água para os mais pobres”, afirmou o sócio-diretor da futura.
Para Gabriela, o tempo de propaganda eleitoral em veículos de comunicação pode influenciar em um possível crescimento de candidatos que ocupam posições mais próximas ao primeiro colocado. “Penso que será uma eleição muito difícil, mas com favoritismo claro. Daniel, Calinhos Lyrio e Ferreira Júnior pode ter tempo maior na propaganda, o que deve acirrar mais a disputa. O foco do prefeito é de cunho assistencialista, mas os candidatos menores devem focar a campanha nos fatores de São Mateus. Segundo o IBGE, 37% da população tem renda de meio salário por pessoa. Os demais candidatos podem levar isso para o lado de que o cenário poderia estar melhor”, afirmou.
Indecisos
O cruzamento de informações revela que os mais velhos são, atualmente, os mais indecisos no município. Outra tabela mostra que o índice de indecisão é ainda mais comum entre as mulheres. Para os especialistas, o resultado pode ser explicado pelo fato de que elas buscam mais informações sobre os candidatos antes de fazer um opção.
“É comum que as mulheres tenham indecisão maior na questão eleitoral. Elas têm menos torcida e mais realidade do dia a dia. Acredito que ela acaba buscando mais informação para saber o que a vida dela pode ser melhorada. A decisão eleitoral passa a ser uma relação não sobre a proposta, mas no que ele pode ser melhor para a vida delas”, disse Orrico.
Propostas mais claras
Os comentaristas convidados destacaram que em planos de governo de diversos candidatos às prefeituras de vários municípios é comum encontrar propostas que visam melhorar a segurança, saúde, educação, etc. No entanto, os candidatos não deixam claro quais serão os meios para adquirir fundos para colocar os planos em prática. “Todos estão propondo, mas ninguém diz de onde vai tirar dinheiro. São detalhes que não são discutidos na campanha. Há promessas muito genéricas. Todos fazem, mas ninguém diz como vão fazer”, comentou Orrico.
“A gestão municipal é a eleição do detalhe. Marketing eleitoral trabalha em cima do que o eleitor quer ouvir. Há pesquisas para isso. As propostas são lançadas, mas o detalhe não é tratado durante a campanha. Num município, os detalhes fazem toda a diferença. Propor um projeto sem saber de onde vem o recurso, simplesmente não vai passar de proposta e não vai acontecer. A eleição de 2020 é muito complexa, pois não se trata de detalhes. O eleitor não sabe qual o caminho será usado para chegar até lá”, afirmou Gabriela.
Dados técnicos
A pesquisa foi realizada pela Futura para a Rede Vitória e contemplou 400 entrevistas, com margem de erro de 4,9 pontos percentuais para mais ou para menos e confiabilidade de 95%. As entrevistas foram realizadas no dia 15 de outubro de 2020, face a face com o eleitor, respeitando as medidas sanitárias determinadas pelas autoridades de saúde. A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral sob o número ES-01377/2020