O sargento da Polícia Militar do Espírito Santo (PMES) Maurício Sousa negou que o vídeo em que pede para que os passageiros de um ônibus do Sistema Transcol não apoiem ladrão nem ex-presidiário tenha teor político-partidário.
Segundo o agente, que costuma usar o seu perfil nas redes sociais com postagens inclusive a favor de Bolsonaro e de Manato, a conversa feita dentro do ônibus faz parte de sua rotina de trabalho, além de possuir caráter meramente didático.
O vídeo, que teria sido supostamente gravado na última sexta-feira (21), tem circulado nas redes sociais, ganhando proporções políticas, uma vez que a fala do policial, além ter sido feita às vésperas do segundo turno, lembrou termos que geralmente são direcionados ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por parte de seus adversários, tais como: “ex-presidiário” e “ladrão”, este último em função dos escândalos de corrupção investigados durante e após os governos do petista.
“É importante destacar que as minhas expressões possuem caráter atemporal, o que significa dizer que, se usadas um ano antes, teriam o mesmo sentido. Não há qualquer intenção política. A abordagem possui teor didático”, afirmou o sargento.
Assista ao vídeo abaixo:
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Questionado se realmente não havia, mesmo que de maneira indireta, alguma relação política em sua fala aos passageiros, o militar foi categórico, frisando, reiteradas vezes, que o intuito foi alertar a população sobre os riscos aos quais estão expostos os usuários do transporte público.
“Já apreendemos usuários de drogas e ex-presidiários nos coletivos em que andamos. Por isso, é importante fazer esse alerta sobre os tipos de criminosos que andam nos ônibus e que podem colocar em risco a vida da população”, destacou.
Sobre a parte em que pede para que os passageiros não apoiem ladrão, o militar garantiu que sua colocação foi feita tendo como base a sua avaliação de que, hoje, uma pequena parcela da população é simpática a criminosos.
Nesse ponto da colocação do sargento, a reportagem o indagou se ele estava se referindo aos integrantes da esquerda, já que políticos mais alinhados às ideologias da direita e da extrema-direita tendem a afirmar que legendas como o Partido dos Trabalhadores (PT) são favoráveis a criminosos.
“Grande parte da população quer ver os criminosos trás das grades, mas, lamentavelmente, tem pessoas que são simpáticas a criminosos. A fala não teve viés político, tem caráter pedagógico, como disse”, pontuou.
O militar finalizou afirmando que há uma tentativa de distorção de sua fala, levada para o campo da política. “A tentativa de extrair da minha fala para outro contexto demonstra desconhecimento das reais atribuições da polícia”, concluiu.
Corregedoria vai apurar
A coluna de Olho no Poder, responsável por antecipar a informação, entrou em contato com a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) questionando sobre quem é o policial, se o vídeo caracteriza discurso político e quais as providências que seriam tomadas pela Corporação, a assessoria da Sesp respondeu apenas com uma nota: “A Polícia Militar informa que o vídeo será objeto de apreciação por parte da Corregedoria da Instituição”.
Embora a Sesp não tenha confirmado o nome do agente, a coluna ainda apurou que se trata de um sargento, que costuma fazer postagens em redes sociais inclusive a favor de Bolsonaro e de Manato. De acordo com o Regimento Disciplinar ao PM é proibido manifestações políticas sem a autorização da Corporação e principalmente fardado.