A indicação de Eduardo Bolsonaro, filho do presidente da República, para o cargo de embaixador dos Estados Unidos, teve a reprovação dos senadores capixabas. São 81 membros no Senado e ele precisa de pelo menos 41 votos para ser aprovado a atuar em Washington, capital norte-americana.
Marcos do Val (Podemos) é contra. Ele acredita que a embaixada de Washington é estratégica e requer um diplomata experiente. Já Fabiano Contarato (Rede), também é contra. O senador diz que é nepotismo, que Eduardo Bolsonaro não tem méritos e a indicação é ilegal e imoral. Rose de Freitas também foi procurada, mas preferiu não se manifestar.
Segundo levantamento do jornal O Estado de São Paulo, ele só tem 15 até o momento, com um agravante: 29 senadores já se manifestaram contra a indicação de Eduardo Bolsonaro. Restam então 37 nomes para buscar votos. Entre esses indecisos, ele teria que conseguir no mínimo 26.
O trâmite no Senado também não ajuda. Primeiro, tem a sabatina. Depois, a Comissão das Relações Exteriores faz votação secreta, com 16 membros, sendo oito contra. Em seguida, o Plenário decide também em votação sigilosa.
MDB endossa o coro
Maior bancada do Senado, com 13 parlamentares, o MDB engrossa a rejeição à indicação de Eduardo. Seis senadores disseram ser contrários à iniciativa do presidente. Entre os críticos da medida, estão caciques do partido como Renan Calheiros (AL) e Jarbas Vasconcelos (PE). “Sou contra o nepotismo. Sempre fui contra esse tipo de prática na minha vida inteira. Não vou mudar agora”, disse Vasconcelos. A rejeição dos emedebistas é igual, em número de votos, à do PT. Toda a bancada petista diz que vai votar contra a indicação.
Parecer
Os parlamentares de oposição ganharam um trunfo para barrar a indicação. A consultoria legislativa do Senado elaborou um parecer afirmando que a escolha do deputado, se formalizada pelo pai, configuraria nepotismo – favorecimento indevido de parentes por um agente público. Com base no documento, solicitado pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), senadores articulam a apresentação de um parecer alternativo ao que deve ser apresentado por Chico Rodrigues.
Em outra frente, o líder da minoria no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), fala em recorrer à Justiça e ao Supremo Tribunal Federal. “O (Jair) Bolsonaro não pode administrar o País como o quintal da casa dele”, afirmou o senador.
Último embaixador do Brasil em Washington, Sergio Amaral afirmou que, em função da negociação de novas alianças entre os países, o novo embaixador terá papel importante. “Haverá uma agenda muito grande de trabalho”, disse ele, que não quis comentar a indicação de Eduardo. Ex-embaixador nos EUA entre 1999 e 2004, Rubens Barbosa defendeu priorizar interesses acima de partidos e ideologias. “O que conta é ter acesso e influência”, escreveu em artigo no jornal O Estado de S. Paulo.
Com informações do jornal O Estado de São Paulo