
O deputado estadual Sérgio Meneguelli (Republicanos), que foi o parlamentar mais votado da história da Assembleia (obteve 138.523 votos em 2022), bateu o martelo sobre as eleições do ano que vem: ele descartou disputar a reeleição e quer concorrer a uma vaga do Senado.
“Meu projeto político é disputar o Senado. Não tenho interesse na Câmara e não vou para a reeleição”, disse Meneguelli à coluna De Olho no Poder, na manhã desta sexta-feira (07).
Rifado pelo próprio partido da última disputa pelo Senado, em 2022, o deputado disse que dessa vez não vai recuar, nem que para isso tenha que deixar seu abrigo partidário, o Republicanos.
Embora tenha feito as pazes com as lideranças republicanas, após a puxada de tapete que tomou às vésperas da eleição de 2022, Meneguelli não está disposto a enfrentar uma nova recusa, por parte do comando do partido, à sua futura candidatura. E como gato escaldado tem medo até de água fria, o deputado já tem feito conversas com outras legendas.
Portas abertas no PSD
Um dos caminhos que Meneguelli pode seguir é o de se filiar ao PSD, que o convidou para integrar as fileiras do partido e garantiu espaço para disputar o Senado. O convite foi confirmado à coluna pelo presidente estadual da legenda, o prefeito Renzo Vasconcelos: “Já fiz o convite sim. O Sergio afirma que não gostaria de disputar para deputado estadual, que está galgando espaços maiores”.
Meneguelli apoiou a candidatura de Renzo a prefeito de Colatina – apoio esse que foi considerado fundamental para que o presidente do PSD vencesse o então prefeito Guerino Balestrassi (MDB), que além de ter a máquina pública municipal em sua candidatura à reeleição, contou com o apoio do governador Renato Casagrande (PSB).
Renzo, agora como prefeito, retribuiria o apoio recebido na eleição do ano passado dando legenda para Meneguelli, caso ele resolva deixar o Republicanos.
Além do PSD, o deputado afirmou que outros dois partidos teriam garantido o espaço para ele disputar uma das duas vagas da Câmara Alta que estarão em jogo no ano que vem. O Republicanos, porém, ainda não teria discutido sobre o assunto com ele.
“Meu relacionamento com o Republicanos voltou ao normal, não tem atrito, apoiei candidatos do partido no ano passado. Mas, o Republicanos ainda não conversou comigo sobre 2026. Outros partidos garantiram a vaga, mas o Republicanos não falou nem que sim, nem que não”, disse Meneguelli.
O deputado acredita, porém, que depois de 2022, o partido não teria como negar espaço a ele. “Não tem como negar, não tem mais Magno Malta no meu caminho. Não acredito que terá alguém para proibir a minha candidatura. Não sou ficha-suja e tenho condições de disputar o Senado. Se o partido em que eu estiver me negar isso é porque tem outros interesses”.
Meneguelli afirmou ainda que é contra o uso de recursos do Fundo Partidário em campanhas e que não pretende fazer uso dessa verba, o que liberaria o partido desse compromisso em sua candidatura. E lembrou que serão abertas duas vagas de Senado.
“Eu acho que seria uma injustiça muito grande me negarem uma candidatura, porque eu tenho voto. E também, o último senador eleito do Norte do Estado foi na década de 70. O Norte precisa de um representante no Senado. A oportunidade é agora com meu nome”, afirmou Meneguelli.
O que diz o Republicanos?
Questionado se o partido dará legenda para que Meneguelli dispute o Senado dessa vez, o presidente estadual do Republicanos, Erick Musso, desconversou e apenas elogiou o deputado: “Serginho é um quadro importantíssimo do Republicanos”.
O Republicanos está trabalhando na viabilidade do nome do prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), para a disputa do Palácio Anchieta. E, dado ao empenho dedicado, tudo indica que essa é a prioridade do partido no Estado.
Erick Musso – que também é secretário de Governo de Vitória – está empenhado diretamente nisso, organizando agendas de Pazolini pelo interior do Estado para fazê-lo mais conhecido e tentar firmar alianças.
Quanto ao Senado, a tendência é que o partido deixe para bater o martelo no ano que vem.
A frustração de 2022
Pré-campanha de 2022. Meneguelli era então o pré-candidato ao Senado pelo partido Republicanos. Já divulgava suas bandeiras, já conversava com outras lideranças e se mostrava competitivo nas pesquisas de intenção de voto realizadas à época – ele empatava com Magno Malta (PL).
Porém, três dias antes da convenção do partido – marcada para o dia 31 de julho, um domingo – a pré-candidatura de Meneguelli ao Senado foi retirada pelo comando nacional da legenda.
À época, numa entrevista exclusiva à coluna De Olho no Poder, Meneguelli disse que o então presidente do Republicanos no Estado, Roberto Carneiro, teria mostrado a ele uma mensagem com a decisão do comando nacional do partido para retirar a candidatura de Meneguelli.
“O Roberto recebeu uma mensagem do presidente (Marcos Pereira), dizendo que era para arranjar um plano B pra mim, que o Presidente da República (Jair Bolsonaro) queria eleger Magno Malta. Foi o Roberto que me passou e ele mostrou que recebeu uma ligação”, disse Meneguelli, à época, para a coluna.
Como só tinha uma vaga em jogo e as pesquisas mostravam que a candidatura de Meneguelli ameaçava a de Magno, o presidente do PL-ES teria, nos bastidores, se articulado com Bolsonaro para assegurar a própria eleição, em nome de uma “dívida de gratidão” do ex-presidente por conta da eleição de 2018 – quando Magno abandonou a própria campanha para rodar o Brasil em prol de eleger Bolsonaro.
Na época, Magno Malta e Roberto Carneiro negaram tal versão. Interlocutores do Republicanos disseram à coluna que a candidatura de Meneguelli ao Senado foi retirada por divergências ideológicas e por falta de segurança de que Meneguelli seria leal ao partido.
Na convenção, o Republicanos confirmou a candidatura ao Senado de Erick Musso, o que gerou indignação em Meneguelli e um climão daqueles. O ex-prefeito de Colatina, que não foi convidado para falar no evento, chegou a tomar o microfone à força e desabafou: “Eu não mereço essa injustiça que fizeram comigo” (veja aqui mais detalhes).
Restou a Meneguelli disputar uma vaga de deputado estadual, sendo eleito como o parlamentar mais votado, o que foi bom para ele e principalmente para o Republicanos – a quem caberá agora definir o futuro de Meneguelli.
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