Política

Só Jefferson foi cassado por mentir aos pares

Cunha enfrenta pedido de cassação sob a acusação negar ter contas na Suíça na CPI da Petrobrás. Representação contra Jefferson alegou que ele mentiu ao acusar colegas sem apresentar provas

Roberto Jefferson foi condenado no processo do mensalão Foto: R7

São Paulo – O Conselho de Ética da Câmara, palco de embates e até de troca de agressões físicas este ano devido à análise de processo contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), julgou, desde que foi criado em 2001, cinco deputados acusados de mentir, assim como o peemedebista. Desses, somente o delator do mensalão Roberto Jefferson (PTB) teve o mandato cassado.

Cunha enfrenta pedido de cassação feito pelo PSOL sob a acusação de faltar com a verdade ao negar ter contas na Suíça em depoimento à CPI da Petrobrás. A representação contra Jefferson, feita em 2005 pelo então PL (hoje PR), alegou que ele mentiu ao acusar colegas de envolvimento no mensalão sem apresentar provas. O relator Jairo Carneiro (PFL-BA) sugeriu a cassação e o plenário confirmou a pena.

Além deles, o conselho aprovou a perda do mandato do ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP). Ele foi acusado, em 2006, de mentir à CPI mista dos Correios ao dizer que sua mulher esteve no Banco Rural para pagar uma conta de TV por assinatura. O colegiado entendeu que ela foi buscar dinheiro do mensalão, mas o plenário da Câmara rejeitou a cassação.

O conselho também pediu a cassação da deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF), em 2011, devido a um vídeo de 2006 em que ela aparecia recebendo um maço de dinheiro. Mas Jaqueline se manteve deputada porque houve 166 votos pela cassação – é necessário apoio de ao menos 257 deputados para aprovar a perda de mandato.

O ex-deputado Luiz Argôlo (Solidariedade-BA) também teve pedido de cassação aprovado no colegiado acusado de mentir sobre seu envolvimento na Operação Lava Jato, mas o mandato terminou antes do julgamento em plenário. Outro acusado de “falsear a verdade” foi o ex-deputado Francisco Gonçalves (PTB-MG) ao relatar ter visto uma mala de dinheiro no plenário da Câmara em 2004. A ação foi arquivada ainda no conselho.

Arquivo. Na história do colegiado, 130 deputados foram alvo de representação, a maioria por corrupção. Da lista, 55 ações não foram apreciadas, 47 arquivadas e houve 21 pareceres pela cassação. Para o diretor do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), Luciano Santos, os números revelam a dificuldade dos parlamentares em julgar os colegas. “Por isso, defendemos a participação da sociedade civil no conselho”, diz. Já o atual presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PSD-BA), atribuiu o número de arquivamentos à época em que as ações são feitas. “No decorrer da legislatura, o negócio está frio. As coisas acontecem mais perto das eleições, aí não dá tempo.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.