Política

Sobrinho de bicheiro vai assumir vaga de Chiquinho Brazão na Câmara

Ricardo Abrão vai assumir a cadeira do ex-deputado que perdeu o mandato após decisão da Mesa Diretora

Ricardo Abrão, sobrinho de bicheiro que vai assumir vaga na Câmara
Foto: Agência Câmara

O empresário Ricardo Martins David (União-RJ), mais conhecido como “Ricardo Abrão”, vai assumir a cadeira do ex-deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), que perdeu o mandato na quinta-feira (24) após decisão da Mesa Diretora da Câmara.

Abrão é sobrinho do bicheiro Aniz Abraão David, conhecido como Anísio.

Abrão tem 52 anos e assumiu mandato como suplente quando a deputada Daniela Carneiro (União-RJ) foi empossada no Ministério do Turismo e quando o próprio Brazão foi secretário de Ação Comunitária da cidade do Rio.

Em uma dança das cadeiras, o novo deputado sucedeu ele na pasta do governo do prefeito Eduardo Paes (PSD).

Enquanto esteve na Câmara, ele protocolou cinco projetos de lei, mas nenhum foi aprovado.

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Quando discursou pela primeira vez como deputado federal, Ricardo disse que daria continuidade ao trabalho do pai, Farid Abraão, irmão de Anísio e ex-prefeito de Nilópolis (RJ) em três mandatos, e Simão Sessim, tio de Ricardo, que foi deputado federal por dez mandatos consecutivos.

Anísio, seu tio contraventor, é patrono da escola de samba Beija-Flor de Nilópolis.

Ele já foi preso quatro vezes num espaço de cinco anos: em 2007, como resultado da Operação Furacão, da Polícia Federal, por suspeita de participação na máfia dos caça-níqueis; em 2008, durante a Operação 1357, que investigava a exploração de máquinas caça-níquel e lavagem de dinheiro; duas vezes, em 2012, por crimes ligados à contravenção.

Ele foi solto nessas oportunidades ou por habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF) ou por decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Em 2012, Anísio foi condenado por formação de quadrilha, mas ele recorre em liberdade.

O bicheiro é pai de Gabriel David, presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa).

Chiquinho Brazão perdeu o mandato de deputado por faltar mais de um terço das sessões deliberativas da Câmara.

Ele não vai ao Congresso desde março de 2022, quando foi preso em uma operação da Polícia Federal (PF) que prendeu os acusados de mandar matar a vereadora do Rio, Marielle Franco, em março de 2018.

A decisão da direção da Câmara livra Brazão da inelegibilidade. Ou seja, ao perder o mandato apenas por faltas e não pelo crime do qual é acusado, o deputado mantém o direito de disputar eleições em 2026.

Cléber Lopes, advogado de Brazão, afirmou que pretende retomar o mandato do agora ex-parlamentar se ele for absolvido no processo que tramita no STF sobre a execução da vereadora.

Ele disse também que a defesa foi notificada pela Câmara na semana passada, cobrando justificativa pelas faltas. “Nossa expectativa é tentar absolvê-lo no Supremo e tentar restabelecer o mandato dele mais adiante”, afirmou.