Política

Alexandre de Moraes vota por julgamento de crimes comuns pela Justiça Eleitoral

Outros quatro ministros da Corte já se posicionaram pela competência da Justiça Eleitoral em diversos julgamentos no STF

Foto: Nelson Jr / STF / Divulgação

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), formou nesta quarta-feira, 13, o segundo voto a favor de a Justiça Eleitoral julgar crimes como corrupção e lavagem de dinheiro quando há conexão com delitos eleitorais, como caixa dois. Moraes seguiu o voto do relator, ministro Marco Aurélio Mello. A procuradoria-Geral da República (PGR) defende que haja divisão, ou seja, que crimes comuns, como corrupção e lavagem, sejam julgados pela Justiça Federal.

Apesar de apenas Marco Aurélio e Moraes terem votado até o momento, outros quatro ministros da Corte já se posicionaram pela competência da Justiça Eleitoral em diversos julgamentos no STF – Celso de Mello, Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski. Se estes ministros mantiveram o entendimento externado anteriormente, a Suprema Corte formará maioria contrária ao pedido da PGR.

Em seu voto, Moraes destacou que essa posição é pacificada pela Suprema Corte e por outras instâncias da Justiça. “A discussão não é nova. O posicionamento de todo Judiciário, legislativo e Executivo é de que a competência é da Justiça Eleitoral quando há crimes comuns conexos a delitos eleitorais”, disse Moraes. O ministro inclusive citou projeto do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, que propôs ao Congresso alteração legislativa para garantir que a Justiça Eleitoral só julgue crimes eleitorais. Para Moraes, esse pedido é um reconhecimento do Executivo de que a lei atual determina o processamento conjunto dos crimes comuns relacionados ao caixa 2 na justiça eleitoral.

“Executivo entende a mesma coisa, legislativo a mesma coisa, tribunais. Agora porque um determinado grupo de procuradores acha que, se não forem eles (a investigar), o mundo vai acabar, ou que determinado grupo ou determinadas pessoas entendem que seus juízes e seus colegas não têm capacidade de analisar investigações sobre lavagem de dinheiro, o que se pretende é a criação de uma vara única central, desrespeitando totalmente a Constituição”, afirmou Alexandre de Moraes.

Em outro momento do voto, Moraes disse que é preciso ter “maior decoro” entre “procuradores do Ministério Público Federal que vem sistematicamente agindo com total desrespeito a colegas dos ministérios públicos estaduais”, disse, referindo-se as declarações de membros do MPF sobre o julgamento no STF.

Presidente da Corte, Toffoli convocou há pouco o intervalo e a análise do tema foi suspensa temporariamente. A sessão deve voltar ainda nesta tarde com o voto do ministro Edson Fachin. O julgamento é considerado vital pela Operação Lava Jato. Para procuradores, a Justiça Eleitoral não tem a estrutura adequada para processar crimes complexos como corrupção e lavagem.