Tarcísio rasga elogios a Hartung: spoiler de uma dobradinha nacional?

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), rasgou elogios ao ex-governador e presidente executivo da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), Paulo Hartung (sem partido), durante a inauguração da nova fábrica da Klabin – produtora e exportadora de papéis – em Piracicaba (SP).

Os dois estavam presentes no evento, que ocorreu na manhã desta quinta-feira (27). “O Paulo é um grande exemplo, um grande gestor que eu tive a oportunidade de conviver, em outros carnavais, de outras discussões de infraestrutura. O Paulo é um gestor que inspira”, disse Tarcísio durante discurso, chamando ainda o ex-governador de mentor:

“É uma referência. E, e eu diria, mais do que uma referência: hoje, pra mim, já virou um mentor. Como é bom conversar com você, como é bom me aconselhar com você. Pela sua capacidade, pelo seu talento e pelo seu compromisso com o País”, disse o governador. Uma foto captou o momento em que os dois se abraçam.

O discurso de Tarcísio pode ter sido apenas uma gentileza a um político mais experiente, o que é muito comum no meio. Mas, com a proximidade das eleições e as cotações que rondam tanto Tarcísio quanto Hartung, acabou por alimentar especulações de uma possível aliança nacional entre os dois.

Chapa presidencial?

Herdeiro do grupo menos radical e mais técnico do bolsonarismo, Tarcísio é cotado para disputar a Presidência da República, no ano que vem – embora, ele mesmo, nunca tenha admitido publicamente a intenção de concorrer ao Planalto.

Numa simulação de 2º turno, projetada pelo instituto Futura Inteligência e divulgada ontem (26), Tarcísio e Lula aparecem empatados, dentro da margem de erro, mas com o governador numericamente à frente – 42,3% de intenções de voto contra 37,6% de Lula.

Tarcísio é, no campo da direita, um dos nomes mais fortes, atualmente, para concorrer à Presidência da República.

Já Hartung se filia ao PSD no próximo dia 26 de maio, após quase 7 anos sem abrigo partidário. E ele tem um campo aberto à frente: no Estado, Hartung é cotado para disputar o governo ou uma das duas vagas ao Senado – o que seria mais provável.

Mas, as articulações não estão ocorrendo só em solo capixaba. Em São Paulo, onde Hartung tem passado a maior parte do tempo por conta de compromissos profissionais, outras negociações estariam acontecendo.

O ex-governador também seria cotado para entrar no jogo nacional, podendo disputar, por exemplo, a vaga de vice numa chapa presidencial.

Nacionalmente (e também aqui no Estado), PSD, PP e Republicanos têm caminhado bem próximos – inclusive nas críticas que seus dirigentes têm feito ao governo federal –, e é grande a possibilidade de no ano que vem encamparem uma candidatura ao Palácio do Planalto.

Não será nenhuma novidade se o nome de Hartung for alçado entre os players de 2026. Tanto em 2018, quanto em 2022, o ex-governador chegou a ter o nome ventilado para a disputa nacional – o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, chegou a citar o nome de Hartung como um possível candidato à Presidência, em 2022.

Um detalhe importante é que desde que deixou o governo do Estado, Hartung tem se dedicado a debater o cenário político-econômico nacional, o que lhe tem garantido certa visibilidade, mesmo estando fora de um mandato eletivo.

Sobre o futuro político, Hartung ainda não fala. Mas, interlocutores afirmam que também é uma alternativa ele se filiar e não disputar nada. A possibilidade de o ex-governador integrar um ministério, a depender de quem for eleito Presidente, também existe.

A filiação de Hartung ocorrerá na sede do PSD nacional, em São Paulo, com horário ainda a ser definido.

Os “outros carnavais”

Tarcísio não chegou a citar detalhes da convivência com Hartung, mas pela trajetória que os dois percorreram até aqui, é possível que o início da caminhada tenha ocorrido há, pelo menos, 10 anos.

Quando Hartung exerceu seu último mandato como governador (2015-2018), Tarcísio era diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit). Ele foi nomeado pela então presidente Dilma Rousseff, que deixou a Presidência após sofrer um impeachment, em 2016.

Naquela época – e até hoje – o Estado tinha muitas demandas com relação às rodovias federais que cortam o Espírito Santo. Todos conhecem a novela da duplicação das BRs 101 e 262 e a romaria que políticos capixabas fazem constantemente aos órgãos nacionais para resolver as pendências.

Após a mudança de presidente, Tarcísio continuou no governo federal, mas passou a ser secretário de Coordenação de Projetos da Secretaria Especial do Programa de Parceria de Investimentos (PPI), no governo Temer.

Em 2019, já com Hartung fora do Palácio Anchieta, Tarcísio assumiu o Ministério de Infraestrutura no governo Bolsonaro e, em 2022, foi eleito governador de São Paulo.

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