Por muito pouco a base aliada do governo na Assembleia não perdeu a maioria nos blocos que disputam o comando das comissões permanentes da Casa. A tropa de choque de Casagrande precisou agir rápido para garantir a superioridade e o favoritismo na indicação dos membros e presidência dos colegiados.
As articulações começaram na noite de ontem (11), vararam a madrugada e se intensificaram até o início da sessão desta quarta-feira (12), com a base conseguindo reverter uma jogada da oposição e alcançando 2/3 dos deputados no bloco governista, o que irá garantir tranquilidade na indicação das comissões.
No início da legislatura (2023), dois blocos partidários foram formados após a eleição da Mesa Diretora da Ales para a composição das comissões. Um é governista, liderado pelo deputado Dary Pagung (PSB). O outro, composto por partidos da oposição (PL, PRD e Republicanos), é liderado pelo deputado Coronel Weliton (PRD).
Após a definição das comissões no biênio passado, alguns partidos deixaram o bloco governista – como o PP e o PSD.
Nesse ano, com a eleição de uma nova Mesa Diretora e a necessidade de eleição novamente para o comando das comissões, os líderes dos blocos voltaram com as articulações. Isso porque o bloco que tiver maior representação partidária acaba tendo mais espaço na indicação dos membros das comissões e, consequentemente, consegue conquistar a presidência.
É interessante para qualquer governo ter à frente das comissões mais importantes – Justiça e Finanças – aliados, para que as matérias do governo sejam aprovadas com mais facilidade.
Até a tarde de ontem (11), durante a reunião do Colégio de Líderes, a diferença entre os dois blocos era de apenas um deputado: o bloco governista contava com 11 parlamentares e o bloco da oposição, com 10.
Os partidos PP, PSD, Psol, PT e Rede não estavam compondo nenhum dos dois blocos partidários. Mas isso até a noite de ontem.
Oposição consegue atrair Fábio Duarte
A pauta do que será tratado na sessão da Assembleia normalmente é disponibilizada horas antes da sessão e, na noite de ontem, os deputados receberam o que estaria no expediente da sessão desta quarta-feira.
O segundo item do expediente acendeu um alerta na base aliada. Era um ofício do deputado Fábio Duarte (Rede) comunicando que integraria o bloco parlamentar da oposição (Ofício 02/2025).
Fábio tomou posse recentemente na Assembleia Legislativa após o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-ES) retotalizar os votos da eleição de 2022. A medida foi tomada após a Justiça Eleitoral anular os votos recebidos pelo Partido da Mulher Brasileira (PMB), o que acabou mudando a composição da Ales: o Podemos perdeu uma cadeira, dando lugar para a entrada da Rede.
Até então, Fábio era contado como um deputado da base aliada, por isso sua entrada no bloco da oposição causou surpresa nos corredores da Ales. E não só surpresa, como também apreensão. Contando com Fábio, o bloco da oposição iria para 11 deputados, o mesmo número do bloco governista, podendo disputar, em pé de igualdade, o comando das comissões.
Logo que tiveram conhecimento do ofício, o líder do governo, Vandinho Leite (PSDB), e o líder do bloco governista, Dary Pagung (PSB), iniciaram uma ofensiva para virar o jogo. As articulações entraram pela madrugada e continuaram na manhã de hoje.
Nos bastidores, Fábio estaria pleiteando o comando da Comissão de Saúde – que no bloco governista já foi alinhado para o deputado Bruno Resende. O bloco da oposição teria atraído o deputado oferecendo o comando do colegiado.
Deputado sai do bloco antes de entrar
Pouco antes da sessão, Dary teria convencido Fábio a retirar o nome do bloco da oposição e o deputado pediu, à Mesa Diretora, a retirada do ofício. Na leitura do expediente, o item 2, com o ofício de Fábio, foi suprimido.
Questionado pela coluna De Olho no Poder, Fábio disse apenas que pediu a retirada do nome do bloco da oposição e que iria entrar no bloco do governo, sem dar detalhes ou explicar os motivos.
Segundo deputados da base ouvidos pela coluna, Fábio continua aliado do governo e teria entrado no bloco da oposição por “ingenuidade”, achando que ficaria sem espaço nas comissões.
As articulações da base aliada não pararam no novato da Rede. Os deputados Fabrício Gandini (PSD), Raquel Lessa (PP), Camila Valadão (Psol) e João Coser (PT) interromperam a sessão de hoje para pedir a entrada de seus respectivos partidos no bloco governista, que agora conta com 19 deputados.
A construção foi comemorada pelo líder do governo:
Gostaria de agradecer aos partidos PSD, PP, PT e Psol que fazem a adesão, nesse momento, ao bloco governista. O governo Casagrande é do diálogo, vamos continuar com os debates internos para o fechamento das comissões, mas é importante que o governo tenha tranquilidade e o bloco chega agora a 19 deputados, o que dá sustentação e tranquilidade para o governo na Casa”, disse Vandinho.
A previsão é que as comissões sejam formadas até a semana que vem. Está em diálogo a possibilidade das comissões de Saúde e de Segurança reduzirem o número de membros. Mas, ainda não há consenso sobre isso.
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