O tom subiu e os ânimos se exaltaram entre deputados estaduais durante a última sessão na Assembleia Legislativa (Ales), na tarde de terça-feira (9). O motivo? A obrigatoriedade ou não do uso de terno durante as sessões.
A discussão aconteceu após dois deputados, Sérgio Meneguelli e Alcântaro Filho, ambos do Republicanos, comparecerem sem terno a reuniões na Assembleia, algo que foi recebido como desrespeito por outros deputados.
Meneguelli conseguiu o direito de vestir uma camisa de malha após passar por uma cirurgia no intestino, o uso deveria se estender apenas durante o período de recuperação, mas ele seguiu utilizando as roupas.
De camisa e blazer, o deputado subiu à tribuna e afirmou que não cometeu nenhum desrespeito ao se vestir daquela forma.
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“Em momento algum estou desrespeitando a lei. Eu queria desafiar o deputado dessa casa que apresenta algum artigo que diz que a gente é obrigado a usar terno e gravata. É um desrespeito que vocês estão tendo. Um vem com roupa de polícia e ninguém fala nada, outro vem com chapéu e ninguém fala nada”, disse.
“Eu fiz campanha pedindo confiança ao povo do jeito que estou aqui, sem esse blazer. Agora o senhor me chama atenção como se eu estivesse desrespeitando a lei, não estou. Não tem no regimento desta casa que eu sou obrigado a usar terno e gravata”, complementou.
O presidente da Casa, Marcelo Santos (Podemos), alertou que vai discutir com os colegas na reunião do Colégio de Líderes a obrigatoriedade do uso de terno e gravata no plenário.
“Enquanto presidente da Casa farei valer a lei e a ordem, que nesse caso é a próxima reunião do Colégio de Líderes para tratar dos trajes como garantia de acesso ao plenário, como é no Congresso Nacional. Da forma que é no município de Colatina, que é em Cariacica, ou Aracruz, ou em qualquer outra região representando o poder legislativo”, afirmou.
O diretor jurídico do Transparência Capixaba, Pedro Trés, disse que acha saudável a discussão sobre vestuário dos deputados, mas que existem outros temas mais relevantes para discussão.
“Com certeza há assuntos mais importantes que a sociedade capixaba quer e espera que a Assembleia enfrente e resolva, ajude a resolver. Alguns crônicos, alguns que surgiram há pouco”, afirmou.
O que diz a população
A discussão chamou atenção da população por acontecer dias após os deputados aprovarem sem discussão o valor do tíquete-alimentação no valor de R$ 1829 para os parlamentares.
Além disso, ocorreu três dias depois de o deputado Lucas Polese (PL) ser parado em uma blitz com carro oficial e ser multado por se recusar a realizar o teste do bafômetro.
“Eles têm outras coisas para fazer, ao invés de aumentar o salário deles, que já não é pequenininho. Podiam pelo menos fazer algo pela população e não por eles”, disse a auxiliar de processamento Geacir de Olivera.
O ponto de vista de Geacir é corroborado pelo auxiliar administrativo Valdeir dos Santos, que afirma que o tíquete-alimentação deve ser revisto.
“Eu acho que existem outras questões mais importantes a serem discutidas. Essa questão do tíquete, que é o mais importante, precisa rever isso. E outros problemas no Estado”.
Por fim, a gestora cultural Karen Valentim chamou atenção ao fato de que muitas vezes a população sequer é autorizada a acompanhar as sessões na Assembleia.
“Acho que a discussão importante é como os recursos chegam à população, não o uso de terno ou não. Até porquê, muitas vezes a população é impedida de entrar na Assembleia porque não tem roupa adequada, está de chinelo e às vezes quer saber, qual o direito, o que fazer para acompanhar os próprios deputados que elegeram”, disse.
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*Com informações da repórter Patrícia Scalzer, da TV Vitória/Record TV