Política

Vidigal a um passo de ir para o secretariado de Casagrande

Ex-prefeito da Serra estaria inclinado a aceitar convite do governador. Ele é cotado para suceder Casagrande em 2026. Saiba quais as pastas cotadas

Sergio Vidigal na  convenção estadual do PDT (foto: Samuel Chahoud)
Sergio Vidigal na convenção estadual do PDT (foto: Samuel Chahoud)

O ex-prefeito da Serra Sergio Vidigal (PDT), que acabou de passar o bastão da prefeitura para o seu sucessor, o prefeito Weverson Meireles (PDT), pode encerrar as férias mais cedo. Ele é cotadíssimo para fazer parte do secretariado do governador Renato Casagrande (PSB).

Citado pelo próprio Casagrande como um dos nomes possíveis de sucedê-lo no comando do Palácio Anchieta, Vidigal foi convidado, ainda no ano passado, para fazer parte da gestão estadual, o que foi confirmado pelo governador à coluna De Olho no Poder na semana passada:

“Convidei o Vidigal, sim. Mas ele ainda não deu resposta, não deu sinal ainda. Ele disse que iria tirar uns dias para descansar e que depois trataríamos”, disse Casagrande ao ser questionado se havia mesmo convidado o pedetista para o governo.

Vidigal já foi questionado pela coluna, por duas vezes, se teria interesse em assumir uma pasta na gestão de Casagrande. Nas duas ocasiões ele se mostrou honrado e agradecido pelo convite do governador, mas dava sinais de que iria declinar para descansar e voltar a clinicar – Vidigal é médico psiquiatra.

Porém, após ser citado publicamente tanto pelo governador quanto pelo vice-governador, Ricardo Ferraço (MDB), como possível aposta para o governo em 2026 e estar sendo estimulado pela militância do PDT e por boa parte do eleitorado serrano, Vidigal teria repensado sobre a proposta e estaria muito inclinado a aceitar o convite do governador.

Segundo apurou a coluna, estariam marcadas, para essa semana, reuniões de Vidigal com o governo – com Casagrande e com Ricardo – para definir a questão. A decisão seria tomada, no máximo, até a semana que vem. Se nenhum fato novo ocorrer, há mais de 90% de chance de Vidigal entrar para o 1º escalão do governo do Estado.

Os sinais

Durante o final de semana, a ex-primeira-dama Sueli Vidigal colocou um vídeo e uma enquete nas redes sociais com a legenda: “A força da Serra e o próximo passo”. No vídeo, ela questiona o que Vidigal estaria pensando. Já o texto da legenda indica ter sido escrito por Vidigal:

“Como médico, tive a honra de ministrar o remédio certo para uma cidade que sofria e clamava por políticas públicas…”, diz parte do texto da postagem que antecede a enquete.

Em outro trecho, diz: “Agora, mais uma vez, é a Serra quem decide os próximos passos. Nosso município tem muito a contribuir para o Espírito Santo e estou à disposição para continuar servindo. Juntos, podemos construir um futuro ainda melhor para a nossa cidade e para o Estado”.

Abaixo, nos comentários, o filho do casal Vidigal diz: “Vamos juntos mostrar ao Estado do Espírito Santo que nossa Serra tem homens de valor que possam contribuir para o progresso do nosso Estado. Bora fazer a diferença”, escreveu Sergio Vidigal Junior.

Na manhã desta segunda-feira (20), Sueli postou um novo vídeo no story. Vidigal aparece tomando café e ela pergunta: “E aí, hoje é segunda-feira. Pessoal está esperando, você vai?”. No que Vidigal responde: “É claro que eu vou”.

“Então, a resposta é que ele vai, ele está indo. Ele está subindo, ele vai subir”, diz Sueli com Vidigal sorrindo. “Vou descer. É que a Serra é mais alta”, diz o ex-prefeito no vídeo.

“Mas, pelo que estou percebendo da sua agenda de agora, você vai descer para subir”, diz Sueli, encerrando o vídeo e dando a entender que Vidigal “desceria” para Vitória, para talvez bater o martelo com Casagrande, para “subir” politicamente e se tornar um secretário de Estado.

Em qual pasta Vidigal entraria?

A coluna também apurou que estaria em discussão em qual pasta Vidigal poderia ser alocado. Ao fazer o convite, o governador não definiu o espaço, mas como as mudanças no secretariado já começaram e algumas das pastas mais cobiçadas já foram definidas, o espaço também pesaria na decisão.

Pelo perfil de Vidigal e do PDT, duas secretarias seriam as de maior interesse: a Saúde (Sesa) e a de Desenvolvimento Urbano (Sedurb). Porém, as duas já têm “dono” – o deputado licenciado Tyago Hoffmann (PSB) foi nomeado secretário da Saúde e o PP indicou Marcos Aurélio para ocupar a Sedurb.

Com as duas fora de questão, outras três podem ser oferecidas a Vidigal: a Setades (Secretaria de Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social), que hoje é comandada por uma técnica, a secretária Cyntia Grillo; a Secretaria de Agricultura (Seag), comandada por Ênio Bergoli, que também é um técnico e foi indicado pelo vice-governador; e a Sedes (Secretaria de Desenvolvimento), que hoje é tocada por Ricardo Ferraço.

A Setades, pelas políticas públicas que comanda, seria mais próxima ao perfil do PDT, por ser um partido de esquerda e que tem como bandeira o trabalhismo. Porém, hoje, a pasta tem pouca visibilidade, embora tenha muitas entregas.

Já a Seag é a pasta que mais tem visibilidade no interior do Estado e estar próximo ao eleitorado do interior é quase que uma obrigação de um postulante ao Palácio Anchieta. É uma pasta robusta, com muitas entregas, mas também com muitas cobranças.

A Sedes já é mais focada nas pautas econômicas e desenvolvimentistas, tendo como principais interlocutores empresários, empreendedores e investidores. O foco estaria mais na Grande Vitória e nas principais cidades do interior.

A coluna antecipou, na semana passada, que há a possibilidade de Ricardo deixar o comando da Sedes para ficar mais “livre” para as demandas do governo.

“O governador Renato Casagrande tem me solicitado estar mais disponível para compartilhar com ele a gestão, o desafio das entregas nas mais diversas áreas. Nós estamos com muito investimento. Então, nós estamos refletindo sobre isso. Não há uma decisão tomada ainda, mas estamos em processo de amadurecimento. Naturalmente, naquilo que o governador precisar, estarei à disposição”, disse Ricardo à coluna na quinta-feira passada (16).

Ricardo é o “plano A” do governo do Estado para 2026. Ele deixar a pasta seria uma medida estratégica para viabilizar seu nome à sucessão de Casagrande. E não só isso.

Abrindo espaço na gestão com um posto de secretário vago, Casagrande teria mais folga para abrigar aliados políticos, como o ex-prefeito Vidigal, que entraria como cota partidária do PDT.

À coluna, na semana passada, o governador disse que decidiria até fevereiro sobre Ricardo ficar ou deixar a Sedes.

Em tempo: Se Vidigal entrar no secretariado será, como já dito, em cota partidária. Hoje, os partidos aliados contam com um nome indicado no primeiro escalão.

Hoje, dois secretários de Casagrande são filiados ao PDT: Júnior Abreu, que é o chefe da Casa Civil, e Philipe Lemos, que está à frente da Secretaria de Turismo. Porém, apenas Philipe conta como cota partidária – Abreu seria cota pessoal de Casagrande.

A questão que se levanta é: se Vidigal entrar, Philipe sai? Para onde iria o secretário de Turismo? Esse é um assunto para uma próxima coluna.

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Fabiana Tostes
Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.