Enquanto muitos já comemoram a possibilidade dos partidos União Brasil e PP fecharem uma “superfederação” – tornando-se a maior bancada da Câmara Federal, com 109 deputados –, o prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio (MDB), prefere observar com cautela.
Ele foi convidado a se filiar e presidir o União Brasil estadual, com a missão de pacificar e fortalecer o partido no Estado para as eleições do ano que vem. A expectativa era que Euclério se filiasse por esses dias e em Brasília.
A legenda, alvo de cobiça pelo comando desde sua criação, estava sendo disputada pelo atual presidente – o secretário estadual de Meio Ambiente, Felipe Rigoni – e pelo presidente da Assembleia, Marcelo Santos.
Para pôr fim ao impasse interno, Euclério já articulava a entrega da vice-presidência a um e da secretaria-geral a outro. Além disso, já fazia convites a algumas lideranças para que se filiassem ao União, mirando, principalmente, a disputa de vagas na Câmara Federal.
No entanto, Euclério deu uma pausa para acompanhar as negociações sobre a federação. Se os dois partidos chegarem a um consenso e se unirem, aqui no Espírito Santo quem vai comandar a federação é o deputado federal Josias da Vitória, atual presidente estadual do PP – conforme a coluna noticiou ontem (20).
Isso porque o critério adotado para definir o comando nos estados de uma eventual federação entre os dois partidos é o tamanho da bancada federal. No Espírito Santo, PP tem dois deputados federais e o União não tem nenhum.
Na prática, isso significa que, mesmo mantendo certa autonomia, como a possibilidade de eleger diretórios, executivas e homologar filiações, o União Brasil passará a estar sob a liderança do Progressistas no Estado. Questões estratégicas, como coligações, candidaturas e composição de chapas, serão definidas pelo presidente da federação.
Ou seja, Euclério pode até assumir a presidência estadual do União Brasil, mas, se a federação se concretizar, quem dará as cartas será Da Vitória. Nessas condições, o prefeito estaria disposto a seguir com o plano de deixar o MDB e migrar para o União Brasil?
Estou esperando finalizar as conversas, se vai concretizar (a federação) ou não, para ver com o meu grupo a decisão que iremos tomar. Não vou tomar nenhuma decisão agora, não vou cair com o barulho do tiro”, disse Euclério, ao ser questionado pela coluna.
Perguntado sobre sua posição a respeito da federação, Euclério respondeu: “Não sou nem a favor e nem contra. Deixa bater o martelo! Vou analisar com o grupo se vale a pena ou não (ir para o União). Se eu entrar, vou continuar sendo presidente do União Brasil. Mas o que está em discussão é o presidente da federação”.
Embora tenha se esquivado de cravar um posicionamento, a ponderação de Euclério diante das tratativas entre os dois partidos demonstra que o prefeito está desconfortável e que, se confirmada, a federação poderá frustrar parte dos planos políticos de Euclério.
No Espírito Santo, tanto o PP quanto o União Brasil são favoráveis à “superfederação”. Para Da Vitória, a mudança significa estar à frente de um grupo ainda mais expressivo, ampliando seu poder de articulação para 2026. Com a federação, ele automaticamente contará com seis deputados estaduais – três do PP e três do União –, formando a maior bancada partidária da Assembleia Legislativa.
Já Rigoni tira um peso dos ombros. Com a federação, será mais fácil montar uma chapa competitiva para a disputa da Câmara dos Deputados em 2026. Em 2022, mesmo com um valor recursos de campanha considerável, o União-ES não conseguiu eleger nenhum deputado federal.
O PP Nacional já deu o aval para a federação. Agora, falta a resposta do União Brasil, que deve ser anunciada ainda nesta sexta-feira (21).
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