O ácido acetilsalicílico (AAS), popularmente conhecido como aspirina, é um dos medicamentos mais utilizados no mundo, especialmente na prevenção de eventos cardiovasculares, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC).
Seu principal mecanismo de ação está na inibição irreversível da enzima ciclooxigenase-1 (COX-1) nas plaquetas, reduzindo a produção de tromboxano A2, uma substância essencial para a agregação plaquetária. Isso significa que o AAS dificulta a formação de coágulos, diminuindo o risco de obstrução dos vasos sanguíneos.
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No entanto, essa mesma propriedade anticoagulante pode levar a um efeito colateral comum e, muitas vezes, incomoda os pacientes: o aparecimento frequente de hematomas, mesmo sem traumas evidentes.
Os hematomas ocorrem quando pequenos vasos sanguíneos na pele ou nos tecidos subjacentes se rompem, permitindo que o sangue extravase.
Em pessoas que não usam medicamentos que afetam a coagulação, esse sangramento microscópico costuma ser rapidamente controlado pelas plaquetas, impedindo a formação de manchas visíveis.
Pele mais frágil dos idosos
Já em indivíduos que fazem uso do AAS, a menor capacidade de agregação plaquetária prolonga o tempo de sangramento e facilita a formação dos roxos que aparecem mesmo após traumas mínimos ou, em alguns casos, sem que o paciente perceba qualquer impacto.
Embora esse efeito seja geralmente benigno e esperado, ele pode gerar dúvidas e preocupações, especialmente em idosos, cuja pele e vasos sanguíneos já são mais frágeis devido ao envelhecimento.
Além disso, pacientes que utilizam outros medicamentos associados, como clopidogrel (antiagregante plaquetário) ou anticoagulantes como varfarina, rivaroxabana, podem apresentar um risco aumentado de sangramentos mais significativos. Por isso, é fundamental que o médico avalie cuidadosamente a necessidade da terapia medicamentosa.
Para aqueles que notam hematomas frequentes, a orientação é monitorar se os roxos aparecem espontaneamente, aumentam de tamanho sem motivo aparente ou estão associados a outros sinais de sangramento, como sangramento nasal recorrente, gengivas sangrando ao escovar os dentes, sangue na urina ou nas fezes.
Nesses casos, uma reavaliação médica é recomendada para verificar se há outras condições subjacentes.
No entanto, na maioria dos casos, os hematomas são um efeito colateral esperado do medicamento e não devem ser motivo para interromper a terapia sem orientação médica.
Afinal, os benefícios do AAS na prevenção de eventos cardiovasculares continuam sendo amplamente demonstrados por estudos clínicos e guias internacionais.