Vida Saudável

Além do esquecimento: como reconhecer sinais de demência

Esquecimentos frequentes podem ser sinais de demência. Saiba como identificar os sintomas, diferenciar o normal do preocupante e buscar ajuda

Problemas de memória: Estresse, sono ruim e falta de nutrientes podem estar afetando sua cognição
Foto: Freepik

Você já esqueceu onde deixou as chaves ou o nome de alguém conhecido? Isso acontece com todo mundo! Mas e quando o esquecimento começa a atrapalhar tarefas simples, como pagar uma conta ou lembrar o caminho de casa? Será demência?

Atenção aos sinais: repetir perguntas, esquecer eventos recentes, se perder em locais conhecidos e apresentar mudanças de humor podem ser sintomas preocupantes.

Alzheimer é a causa mais comum de demência

O Alzheimer é a causa mais comum de demência. Importante lembrar que demência é um termo médico que engloba doenças que afetam a memória, raciocínio e comportamento.

Os principais fatores de risco incluem:

  • Idade: a partir dos 65 anos, o risco aumenta significativamente.
  • Genética: pessoas com histórico familiar, especialmente com o gene APOE-e4, têm maior propensão.
  • Saúde cerebral: acúmulo de proteínas tóxicas pode causar a morte de neurônios.

Mas atenção: o envelhecimento por si só não causa Alzheimer, e não existe “demência senil” ou “da velhice” – isso é um mito!

Prevenção e qualidade de vida

O Alzheimer provoca alterações específicas no cérebro, como o acúmulo de proteínas tóxicas e a morte de neurônios, resultando em sintomas que vão além do esquecimento.

Leia também: Neurologia sem mitos: você realmente sabe o que é verdade?

Embora não seja possível prevenir totalmente o Alzheimer, certos hábitos saudáveis podem retardar o início ou reduzir a progressão da doença. São eles:

  • Exercícios físicos;
  • Alimentação equilibrada;
  • Estimulação cognitiva;
  • Convivência social.

Outro fator relevante é a perda auditiva, comum entre idosos. Estudos mostram que ela está ligada à piora das demências, pois aumenta o esforço do cérebro e acelera o declínio cognitivo.

Usar aparelhos auditivos quando necessário é um cuidado essencial para proteger a saúde cerebral.

Outras demências e diagnósticos confundidos

Nem toda demência é Alzheimer. Outras condições também afetam a memória e o raciocínio:

  • Demência vascular: ocorre por pequenos AVCs. Controlar pressão arterial, colesterol e diabetes pode ajudar na prevenção.
  • Demência por corpos de Lewy: pode causar alucinações e dificuldades motoras.
  • Demência frontotemporal: afeta comportamento e linguagem antes de comprometer a memória.

Atenção: nem todo esquecimento significa demência. Depressão, deficiência de vitamina B12 e até efeitos colaterais de medicamentos podem causar sintomas semelhantes, mas que são tratáveis.

Esquecimento normal ou um problema?

Aqui estão alguns exemplos para ajudar a diferenciar:

  • Esquecer onde deixou as chaves é normal.
  • Esquecer para que servem as chaves ou onde está sua própria casa não é normal.
  • Perder o fio da meada durante uma conversa acontece com todo mundo.
  • Repetir a mesma história várias vezes na mesma conversa merece atenção.

Se esses lapsos de memória estão se tornando frequentes e interferindo na rotina, é hora de procurar um médico.

Por que o diagnóstico precoce é tão importante?

Muitas pessoas têm medo de buscar ajuda, mas um diagnóstico precoce faz diferença.

Um neurologista pode determinar se o esquecimento está relacionado a Alzheimer, outra demência ou condições reversíveis.

Embora o Alzheimer ainda não tenha cura, tratamentos podem desacelerar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. Além disso, o diagnóstico precoce permite planejar o futuro e oferecer suporte adequado ao paciente e aos cuidadores.

Não ignore os sinais

Esquecer é humano, mas quando isso começa a afetar o dia a dia, é hora de agir.

O Alzheimer e outras demências não são consequências inevitáveis do envelhecimento. Cuidar do cérebro deve ser um compromisso diário:

  • Movimente-se;
  • Alimente-se bem;
  • Mantenha conexões sociais;
  • Cuide da audição.

Se você ou alguém próximo apresentar mudanças na memória ou no comportamento, procure um especialista.

Entender o que está acontecendo é o primeiro passo para preservar sua qualidade de vida.

Dra. Camila Resende Colunista
Colunista
Médica. Neurologista e Neurofisiologista (Residência médica USP - RP). Membro titular da Academia Brasileira de Neurologia (ABN) @dracamilaresende