A opinião dos especialista oftalmológicos é que volta às aulas o exame de vista deveria ser obrigatório. Isso porque, o uso abusivo do videogame, celular ou computador durante as férias pode levar à miopia acomodativa e dificuldade temporária de enxergar de longe. Esta é a principal conclusão de um estudo realizado com 360 crianças, do oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier.
Para se ter ideia, dos participantes, 21% apresentaram miopia contra 12% apontados pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO). O oftalmologista explica que a miopia acomodativa é provocada pelo excesso de esforço visual para perto. “O stress diminui a flexibilidade dos músculos ciliares que permitem ao cristalino, lente interna do olho, mudar automaticamente o foco visual para perto, meia distância e longe”.
Para que a miopia não se torne um mal permanente, o oftalmologista recomenda ensinar a criança a olhar em pequenos intervalos de tempo para um ponto distante ou descansar os olhos de 15 a 30 minutos a cada hora de uso dos equipamentos. A dificuldade de manter este controle explica porque a miopia é o vício de refração que mais cresce no mundo.
A maioria das crianças nunca foram ao oftalmologista
Queiroz Neto afirma que nem sempre a criança sabe avaliar a piora da visão por não ter uma referência, além da alteração visual frequentemente ser lenta e progressiva. Isso explica porque na triagem realizada pela equipe do hospital, de 35 mil crianças das escolas públicas de Campinas, 8 em cada 10 nunca tinham consultado um oftalmologista. Crianças que não enxergam bem tem dificuldade no aprendizado, na socialização e são mais agitadas.
A estimativa do CBO é de que 20% precisam usar óculos de grau. Além da miopia, o especialista afirma que crianças podem ter hipermetropia (dificuldade de enxergar próximo) ou astigmatismo (visão desfocada para perto e longe).
Para checar a existência de doenças congênitas que podem cegar é realizado nas maternidades o teste do olhinho, logo após o nascimento. A primeira consulta, ressalta, deve ser feita aos 3 anos quando os pais não usam óculos e aos 2 anos quando usam. Isso porque, nossos olhos se desenvolvem até a idade de 8 anos e qualquer bloqueio visual neste período faz o cérebro anular o olho de menor visão para usar o melhor. “O resultado é o ‘olho preguiçoso’ ou ambliopia, maior causa de cegueira monocular entre crianças”, afirma. O tratamento só tem efeito se for realizado antes dos 8 anos, quando se completa o desenvolvimento do sistema ocular, adverte.
Sinais de problemas de visão em crianças
As dicas do médico para descobrir se a criança tem algum problema de visão que requer consulta imediata são:
Até 2 anos:
· Não reage a estímulos luminosos como, por exemplo, a luz do quarto que se acende.
· Lacrimeja excessivamente de um ou ambos os olhos;
· Fica muito tempo com os olhos fechados;
· Não demonstra interesse pelo ambiente à sua volta;
· Não ergue a cabeça para tentar ver objetos (brinquedos, por exemplo);
· Apresenta um ou ambos os olhos desviados para o nariz ou para fora;
· Reflexo luminoso na pupila como se fossem “olhos de gato”;
· Pupila muito grande ou de cor acinzentada ou opaca.
Dos três aos cinco anos:
· Apresenta um ou ambos os olhos desviados para o nariz ou para fora;
· Cai com frequência;
· Se aproxima muito da TV para assistir;
· Inclina a cabeça para um dos lados ou para um ombro;
· Vira um dos olhos para fora quando está distraída, pensativa ou em locais muito abertos;
· Fecha um dos olhos em locais ensolarados;
· Coça muito os olhos, especialmente quando manipula o celular ou assiste TV;
· Queixa-se de visão dupla ou embaralhada;
No início da alfabetização:
· Faz careta ou franze a testa para enxergar;
· Queixa-se de dor ou cansaço nos olhos e dor de cabeça;
· Os olhos ficam vermelhos quando esforça a visão, mesmo sem coçá-los;
· Refere dificuldade em ver o que está escrito na lousa;
· Chega o rosto muito próximo ao caderno ou livro;
· Apresenta baixo rendimento escolar;
· Desinteresse na sala de aula;
· Não participa de atividades esportivas;
· Tem dificuldade em distinguir ou combinar cores.