Saúde

Associação critica suspensão de compra de aves do ES pelo Japão

Em comunicado divulgado na última quarta-feira (28), a Aves lamentou a decisão do país asiático e afirmou que o consumo da carne produzido no Estado é seguro

Foto: Divulgação / Governo do ES

Após o Japão anunciar a suspensão temporária da compra de carne de aves oriundas do Espírito Santo, devido à confirmação, na última terça-feira (27), do primeiro caso de gripe aviária em aves de criação na Serra, a Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (Aves) afirmou lamentar a decisão do país asiático.

O posicionamento da Aves consta de uma nota pública divulgada na última quarta-feira (28), horas após ser anunciado o posicionamento japonês. Em trecho do comunicado, a Aves ainda ressalta que a decisão da nação japonesa vai contra as orientações da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).

“Lamentamos a decisão do Japão pela suspensão temporária de compras de carne de frango provenientes do Estado do Espírito Santo, ação que não está em linha com as orientações da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), que indica suspensão de comércio apenas em casos registrados em produção comercial”, diz a o texto do comunicado.

A associação também pontua, no comunicado, que o consumo de carne de aves e ovos provenientes da produção capixaba é totalmente seguro, apesar do registro de gripe aviária em animais de criação doméstica no Estado.

“Independentemente de qualquer registro da influenza aviária, ressaltamos que é totalmente seguro o consumo da carne de aves e ovos, já que o alimento não é vetor da enfermidade, segundo informações cientificamente respaldadas pela OMSA, pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e outros órgãos reconhecidos internacionalmente”, frisa a associação.

Veja o comunicado da Aves na íntegra:

“Após confirmação oficial do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) sobre o primeiro foco de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade em uma ave de fundo de quintal, e nota oficial do Governo do Estado do Espírito Santo, através da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (SEAG), a Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (AVES) informa que a entidade e todo o setor produtivo seguem acompanhando e dando apoio a todas as ações do Serviço Veterinário Oficial, que neste momento está adotando as medidas de controle e erradicação do vírus no foco, além do reforço das ações de vigilância clínica nas áreas do entorno.
O setor avícola segue reforçando as medidas de biosseguridade, visando proteger as aves e impedir que o vírus chegue em granjas comerciais. Estão sendo desenvolvidas diversas ações de conscientização também dos criadores de aves de subsistência para que tenham conhecimento sobre a doença e tomem medidas de proteção em suas criações. Tais ações estão contando com o importante apoio dos municípios, principalmente os que concentram maior atividade avícola no Estado, bem como do Serviço Veterinário Oficial.
Lamentamos a decisão do Japão pela suspensão temporária de compras de carne de frango provenientes do Estado do Espírito Santo, ação que não está em linha com as orientações da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), que indica suspensão de comércio apenas em casos registrados em produção comercial.
Independentemente a qualquer registro da influenza aviária, ressaltamos que é totalmente seguro o consumo da carne de aves e ovos, já que o alimento não é vetor da enfermidade, segundo informações cientificamente respaldadas pela OMSA, pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e outros órgãos reconhecidos internacionalmente.”

O posicionamento da Aves sobre a segurança no consumo de carne de aves produzida no Espírito Santo vai ao encontro de comunicado divulgado pela Secretaria de Estado da Agricultura (Seag), na última terça-feira, logo após a confirmação da contaminação de animais na Serra.

Na ocasião em que confirmou que o primeiro foco positivo para influenza aviária havia sido identificado em um pato e um ganso, em uma propriedade localizada na no município, a Seag fez questão de ressaltar que o consumo e comércio da carne de aves de origem capixaba estavam resguardados e seguros.

“É importante ressaltar que a ocorrência do foco em aves de subsistência não traz restrições ao comércio internacional de produtos avícolas brasileiros. O consumo e a exportação de produtos avícolas permanecem seguros”, afirmava nota divulgada pela Seag na terça-feira.

“Prejudicial para a economia do Estado”, diz governador do ES sobre decisão do Japão

Em primeira mão para o Folha Vitória, o governador do Estado, Renato Casagrande (PSB), repercutiu, na última quarta-feira (28), o anúncio de que o Japão não comprará mais carnes de aves produzidas no Espírito Santo após a confirmação de caso de gripe aviária em animais de quintal, na Grande Vitória.

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“É prejudicial para a economia do Estado. Estamos acompanhando desde o início quando os primeiros animais silvestres foram recolhidos e encontrados pelas nossas equipes”, classificou Casagrande, durante visita ao evento Sustentabilidade Capixaba, na Praça do Papa, em Vitória.

O governador garantiu que as autoridades sanitárias estaduais estão em alerta e em trabalho constante para que a doença não atinja a cadeia produtiva.  O Espírito Santo, de 15 de maio até o momento, acumula 30 casos da presença do vírus H5N1 em aves silvestres, a maioria de hábitos migratórios.

“Estamos trabalhando muito na contenção do avanço. Mas quando chegou um registro em aves domésticas já recebemos essa notícia por parte do Japão. Todas as medidas estão sendo tomadas para que a gente consiga evitar que esse vírus chegue à produção comercial”, reforçou.

Por fim, Casagrande disse que o monitoramento prossegue em esforço coletivo do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), órgãos estaduais, prefeituras e representantes do setor produtivo.

“Estamos trabalhando muito com os municípios e com os empreendedores para a gente poder impedir que chegue no plantel comercial, mas é de fato um assunto preocupante que exige acompanhamento de todo mundo”, concluiu.

Brasil segue sem alteração na classificação de risco

Segundo comunicado da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) na última quarta-feira, o caso de contaminação numa propriedade na Serra não gera qualquer alteração no status do Brasil como “livre da enfermidade” perante a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), já que a produção comercial segue sem qualquer registro da doença em aves de granja.

Ainda segundo a nota, o Japão já não importava produtos do Espírito Santo antes do caso. O país é um dos que mais compra carne de aves produzidas no Brasil, representando 11% do total vendido para fora em 2022, aponta o Comex Stat, portal de estatísticas de comércio exterior brasileiro.

Quem está em primeiro lugar nas exportações do produto é a China (15%). O Japão empata com os Emirados Árabes Unidos.

Já o Espírito Santo representa apenas 0,19% do total exportado pelo Brasil em 2022.

Confira nota da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) na íntegra:

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) lamenta a decisão do Japão pela suspensão temporária regionalizada de compras de carne de frango provenientes do Estado do Espírito Santo.
A ABPA ressalta que a decisão tomada pelas autoridades japonesas não está em linha com as orientações da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), que indica suspensão de comércio apenas em casos registrados em produção comercial. Cabe lembrar que a avicultura industrial do Brasil segue sem qualquer registro da enfermidade.
A suspensão se deu após ocorrência de foco de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) em uma ave de subsistência (fundo de quintal) no município de Serra (ES).
Atualmente, o Japão não importa produtos do Espírito Santo. O estado representa 0,19% do total exportado pelo Brasil, conforme dados de 2022.
De qualquer forma, independentemente ao fato registrado, a ABPA lembra que não há qualquer risco de transmissão da enfermidade por meio do consumo de produtos, informação que é respaldada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), OMSA e todos os órgãos internacionais de saúde humana e animal.