Saúde

Associação Psiquiátrica defende medidas urgentes no sistema de saúde mental do ES

Falhas críticas na Rede de Atenção Psicossocial capixaba foram identificadas pelo Tribunal de Contas do Estado

Saúde mental
Foto: Canva

A Associação Psiquiátrica do Espírito Santo (Apes) considera que são necessárias medidas urgentes para lidar com as deficiências do sistema de saúde mental do Estado e aprimorar o atendimento à população.

A entidade se manifestou sobre as falhas críticas na Rede de Atenção Psicossocial identificadas pelo Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCE-ES) após uma auditoria realizada pelo Núcleo de Controle Externo de Avaliação e Monitoramento de Políticas Públicas de Saúde (NSaúde) da Corte.

A saúde mental é um pilar fundamental do bem-estar coletivo e exige uma abordagem integrada, eficiente e humanizada. As falhas identificadas comprometem o acesso e a qualidade do tratamento oferecido aos pacientes, agravando cenários já desafiadores para milhares de capixabas que dependem desses serviços, defende a Apes.

Os auditores revelaram a necessidade de melhorias, como a ampliação dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) em diversos municípios do Estado, para oferecer serviços de qualidade às pessoas portadoras de transtornos mentais e usuários de álcool e drogas.

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Para a associação, “é essencial agir com urgência” e investir em políticas públicas para garantir um “atendimento digno, acessível e eficaz”.

Além disso, a Apes se colocou à disposição para contribuir na construção de soluções eficazes. “Contamos com um corpo técnico altamente qualificado e estamos prontos para colaborar com gestores públicos, autoridades e demais entidades na elaboração de estratégias que fortaleçam a rede de atendimento, ampliem a cobertura e assegurem assistência adequada a quem mais precisa”.

Problemas identificados

A auditoria revelou as seguintes falhas no sistema de saúde mental capixaba:

  • Falta de Centros de Atenção Psicossocial (Caps) em diversos municípios capixabas;
  • Caps com estruturas físicas inadequadas e equipes incompletas;
  • Necessidade de adequação das referências hospitalares para transtornos mentais;
  • Tempo de espera superior a 100 dias para a realização de consultas psiquiátricas ou psicológicas;
  • Inexistência de financiamento federal para equipes e pontos de atenção.

Recomendações do TCE

As recomendações dos auditores da Corte para que o sistema de saúde mental melhore no Estado incluem a habilitação de 18 Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT) em cidades capixabas; ampliação e reforma de Caps; e adequação do tempo de espera para consultas psiquiátricas e psicológicas.

O órgão também sugere que a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) e as secretarias municipais de saúde façam uso do recurso federal destinado à área – que chega a R$ 10.724.547,00 por ano.

O que diz a Sesa

Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que trabalha o cuidado em Saúde Mental seguindo a Política Nacional de Saúde Mental, que visa a garantir o cuidado às pessoas com transtornos mentais, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas.

“Esclarece que a porta de entrada da Rede de Atenção Psicossocial é a Atenção Primária em Saúde, ou seja, através das Unidades Básicas de Saúde dos municípios e territórios de origem das pessoas, e em se tratando de pessoas em situação de rua, também podem ser acionados os serviços de equipes de Consultório na Rua (CNR) que devem realizar o acompanhamento a esse público a qualquer tempo e realizar os encaminhamentos necessários a cada caso”.

A secretaria explica que os casos graves são encaminhados para a atenção especializada e são atendidos através dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), que dão suporte para os demais pontos de atenção e realizam o acompanhamento de transtornos mentais graves e persistentes, incluindo aqueles decorrentes do uso de álcool e outras drogas.

A pasta ainda ressalta que os CAPs são de gestão dos municípios, mas que o Estado tem dado suporte para a atividade em algumas unidades. “A Sesa já identificou a necessidade de ampliação do número de CAPs no Estado e vai investir na construção de novas unidades, junto com os municípios que aderirem ao projeto”, informa.

De acordo com a secretaria, a oferta de consultas especializadas foi ampliada, incluindo a modalidade de teleconsultas com 19 mil atendimento neste mês para 11 municípios do Sul do Espírito Santo. Entre as especialidades, estão psiquiatria adulto e pediatra.

Já em relação a leitos, a Sesa conta hoje com leitos psiquiátricos para adultos no Hospital de Atenção Clínica (Heac) e no Centro de Atendimento Psiquiátrico Aristides Alexandre Campos (Capaac), e leitos de saúde mental infanto juvenis no Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba).

“Além dos leitos próprios, a Sesa possui também leitos com a rede contratualizada e clínicas credenciadas para atender aos pacientes utilizando o Protocolo Estadual de Classificação de Risco em Saúde Mental para definição de prioridade clínica para internação”, finaliza.

Julia Camim Editora de Política
Editora de Política
Atuou como repórter de política nos veículos Estadão e A Gazeta. Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa, é formada no 13º Curso de Jornalismo Econômico