Neste sábado (15), quando se celebra o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa, duas perguntas se fazem importantes: como estão os idosos brasileiros? Eles têm tido um envelhecimento digno?
O último levantamento divulgado pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos aponta uma realidade preocupante. Somente o Disque 100, serviço de proteção dos idosos disponibilizado pelo Governo Federal, registrou 33.133 denúncias de abusos e de agressões contra pessoas com mais de 60 anos em 2017.
Entre os casos de violações, 76,84% estão relacionados à negligência (espécie de violência psicológica ou física), 56,47% envolvem outros tipos de violência psicológica e 42,82% são de abuso financeiro e econômico. Considerando que o número de idosos no país passou dos 30 milhões em 2017 e que a previsão, para 2031, é ter mais pessoas com 60 anos do que adolescentes de até 14 vivendo no Brasil, fica clara a necessidade de uma mudança de comportamento da sociedade.
Segundo a assistente social Monica Thomes Batista, a violência contra o idoso atinge todas as esferas sociais. “Os maus-tratos contra as pessoas mais velhas precisam ser prevenidos e combatidos. Todo tipo de abuso, violência, negligência, violação dos direitos, discriminação e preconceito trazem prejuízo para o idoso e sofrimento psicológico. É algo que pode resultar em isolamento, doenças e até mesmo leva-lo à morte”, afirma a assistente social.
Ela ressalta também que identificar que um idoso está sendo vítima de maus-tratos nem sempre é fácil. “É necessário observar o seu comportamento e o das pessoas que convivem com ele, pois, muitas vezes, o agressor está na sua rotina diária e a vítima não tem coragem de denunciar, seja por vergonha ou medo. Sendo identificado ou confirmado o abuso, é dever comunicar a situação aos órgãos competentes de defesa dos direitos dos idosos, pois o silêncio facilita a existência e a continuação da violência”, alertou.
Sinais
Há alguns sinais, segundo a assistente social, que podem indicar a existência de problema. Ela orienta que familiares e pessoas próximas fiquem atentos a mudanças de comportamento não justificadas pelo quadro clínico. O idoso pode se tornar mais tímido ou introspectivo e afastar-se de pessoas que, até então, eram queridas.
Nos ambulatórios de uma empresa especialista na saúde do idoso, quando o médico suspeita de maus-tratos ou da existência de violação aos direitos do idoso, encaminha o caso para o Serviço Social, para acompanhamento e orientação. “Todos temos um papel importante na proteção ao idoso. Família, amigos, vizinhos e profissionais de saúde devem estar atentos aos sinais que o idoso demonstra. Se desconfiarem que há algo de errado, a orientação é fazer uma aproximação com ele e conversar, com cuidado, para não magoá-lo ou constrangê-lo”, ressalta Monica Batista.