O HTLV foi o primeiro retrovírus humano identificado, em 1980. Esse conhecimento contribuiu para a rápida identificação do HIV, segundo retrovírus humano detectado, como agente causador da epidemia de Aids que emergiu em seguida. Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a gravidade e grande disseminação do HIV tiraram o foco do HTLV.
Estima-se que até 10 milhões de pessoas no mundo estejam infectadas pelo HTLV. As maiores taxas foram registradas em algumas regiões do Japão, da África subsaariana, da América do Sul e do Caribe. O Brasil tem o maior número absoluto de casos no mundo, segundo a Fiocruz.
Pesquisas indicam que o vírus atinge 1% dos brasileiros, ou seja, cerca de 2 milhões de pessoas, com índice de soropositividade maior nos estados da Bahia, Maranhão, Minas Gerais e Rio de Janeiro
Segundo a Fiocruz, os dados são subestimados devido à falta de levantamentos mais amplos. Em algumas regiões do mundo, a infecção pelo HTLV nunca foi investigada. Apenas 10% das pessoas com o vírus desenvolvem a doença e as síndromes associadas ao HTLV são graves.
A geneticista Ana Carolina Vicente, chefe do Laboratório de Genética Molecular e Microorganismos da Fiocruz, explica que já foram identificadas quatro linhagens do HTLV, sigla em inglês de Vírus T-Linfotrópico Humano. Entre elas, o HTLV-1 é o mais disseminado.
O vírus
O HTLV infecta células do sistema de defesa, chamadas linfócitos T, e pode causar diversas síndromes. Entre as mais graves está a mielopatia associada ao HTLV, também chamada de paraparesia espástica tropical, que afeta a medula espinhal, provocando dificuldades de movimento, até mesmo com perda da locomoção.
Outro quadro importante é a leucemia de células T humana do adulto, um tipo de câncer sanguíneo associado ao vírus. Além disso, o vírus está ligado a síndromes dermatológicas, oftalmológicas e urológicas.
As formas de transmissão do HTLV são semelhantes às do HIV: por meio da transfusão de sangue, relação sexual sem camisinha, transplante de órgãos e compartilhamento de seringas. Além disso, de mãe para filho, pela amamentação. Não está esclarecido se o vírus pode ser transmitido durante a gestação ou no momento do parto
Não existe vacina contra o HTLV, mas é possível prevenir a infecção. Uma das ações fundamentais é incluir a triagem para o HTLV nos exames de pré-natal em países com transmissão do vírus. Desta forma, é possível fazer o aconselhamento das gestantes com relação ao aleitamento materno, que é a via de transmissão mais expressiva atualmente.
O Brasil foi um dos primeiros países do mundo ao implantar a triagem para o HTLV em bancos de sangue, no início dos anos 1990. Em muitos países, essa triagem ainda não é feita.
Não existem medicamentos específicos contra o vírus, então o tratamento é voltado a combater os sintomas das síndromes provocadas pela infecção.
Estudos mostram a grande disseminação do vírus dentro de uma mesma família. A análise do genoma do vírus confirmou a identidade das sequências genéticas. A partir de uma pessoa infectada, o HTLV se espalha para o parceiro, pela transmissão sexual, e para os filhos, por meio do aleitamento materno.
* Com informações do Portal R7