Avanços no conhecimento sobre o câncer de mama e os tratamentos disponíveis são perceptíveis, mas o desconhecimento sobre os fatores de risco ainda é uma realidade entre a população, que também ignora medidas importantes para a detecção precoce do tumor. Além de prejudicar o combate à enfermidade, a falta de informação também alimenta o preconceito em relação às pacientes, especialmente no caso dos quadros metastáticos.
Essas são algumas das conclusões da pesquisa Câncer de mama hoje: como o Brasil enxerga a paciente e sua doença?, aplicada pelo IBOPE Inteligência a mais de 2 mil brasileiros, por plataforma online, em diferentes regiões metropolitanas do Brasil, como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Curitiba.
Informações desencontradas sobre o diagnóstico precoce do câncer de mama se destacam no levantamento. Quase 80% da amostra está convencida, por exemplo, de que o autoexame das mamas, ou seja, o toque feito pela própria mulher, constitui a principal medida para a identificação da doença em seus estágios iniciais. Na verdade, quando o tumor é palpável, muitas vezes já se encontra em estágios avançados.
“Tocar as próprias mamas é uma prática importante para conhecimento corporal. Mas, nos últimos anos, muitas sociedades médicas deixaram de recomendar o autoexame como método preventivo, uma vez que, ao não detectar alterações durante essa prática, a mulher pode acabar se afastando do médico e atrasando a realização da mamografia, que é um exame essencial”, destaca Márjori. “A mamografia pode detectar alterações muito pequenas e ainda não palpáveis, que muitas vezes medem milímetros, aumentando as chances de sucesso no tratamento”, completa.
Outros dados da pesquisa reforçam a percepção de que as entrevistadas desconhecem as recomendações oficiais para a realização da mamografia. Quase um terço das participantes acredita que, se o exame de mamografia não detectar alterações na mama, a paciente poderá ficar liberada para fazer a prevenção apenas por meio do autoexame, em casa. Esse dado chega a 35% entre as participantes com 55 anos ou mais de idade, que representam justamente a população mais suscetível à doença.
Ainda em relação à mamografia, um quarto das mulheres ouvidas pelo levantamento estão convencidas de que esse exame só é necessário quando outros procedimentos realizados previamente, como o ultrassom, apontarem alterações. O Ministério da Saúde recomenda, contudo, que todas as mulheres entre 50 e 75 anos se submetam ao exame de mamografia a cada dois anos. Já a maioria das sociedades médicas do País indica que o procedimento seja realizado anualmente, a partir dos 40 anos.