Saúde

Caminhada pelos autistas acontece neste domingo na Praia de Camburi, em Vitória

Após dois anos sem acontecer, a caminhada começa no Píer de Iemanjá e segue até o Hotel Aruan. O evento espera reunir entre 800 e 1000 pessoas na praia

Foto: Assessoria
O símbolo do autismo é o quebra-cabeça, que denota a sua complexidade e diversidade

Uma caminhada pretende chamar a atenção da população para a causa autista neste domingo (3). Promovida pela Associação dos Amigos dos Autistas do Espírito Santo (Amaes), expectativa da organização do evento é reunir entre 800 e 1000 pessoas na Praia de Camburi, em Vitória.

Segundo a presidente da Amaes, Pollyana Paraguassú, após dois anos sem acontecer, em função da pandemia provocada pela covid-19, a caminhada retorna forte e repleta de objetivos.

“O que nos motiva é mostrarmos que somos muitos, que somos família e que o lugar do autista é em todo o lugar. Essa é uma forma da sociedade enxergar a nossa causa. Não há coisa mais importante do que fomentarmos e conscientizarmos. Provocar, no sentido de que o autismo está aí e em números cada vez maiores, disse.

Pollyana tem um filho autista. Hoje ele está com 18 anos de idade. Ela lembra que na época em que recebeu o diagnóstico do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) a proporção de casos girava em torno de 1 para cada 120 nascidos.

Atualmente, de acordo com a presidente da associação, é de 1 para cada 44 nascimentos. “A sociedade precisa entender o que é o TEA. Conhecer a realidade das famílias, as dificuldades. Em menos de 10 anos, se os números continuarem avançando, chegaremos a um caso de TEA para cada duas crianças”, explica.

80% das mãe atendidas pela Amaes são mães solo

A Associação dos Amigos do Autistas atende de forma direta 357 famílias de todo o Estado. Porém, a Amaes tem hoje em dia mais de 700 famílias aguardando vagas na fila de espera.

Por mês, são realizados 2.500 atendimentos por meio de uma equipe multidisciplinar formada por psicólogo, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, médico, entre outros profissionais. Além dos autistas, familiares participam dos projetos desenvolvidos.

Um número que chama a atenção é o de mães que seguem na luta pela saúde dos filhos: 80% das que são atendidas pela Amaes são mães solo. Mulheres que precisam de uma rede de apoio bem maior.

“Precisamos de ajuda, de apoio, de compreensão, de quem seja acolhimento no dia-a-dia. Com todas as preocupações e afazeres demandados pelos nossos filhos acabamos esquecendo da mulher que existe dentro da gente. A ideia da associação é fazer um resgate disso”, destacou Pollyana.

Entre os maiores gargalos enfrentados pelas famílias dos autistas está o acesso aos atendimentos necessários para o desenvolvimento deles. Pollyana ressalta que as instituições de apoio são sonhos e expectativas dessas pessoas. Além disso, estudos comprovam que quanto mais cedo as intervenções começarem, maiores as chances de melhorar a qualidade de vida das pessoas.

“Uma intervenção precoce pode fazer grandes transformações. Inclusive que, no futuro, o autista não seja fonte de benefícios do governo e sim um contribuinte”, pontuou Pollyana.

Conheça alguns sinais do autismo

Alguns sinais do Transtorno do Espectro do Autismo surgem a partir de um ano e meio de idade, podendo surgir até mesmo antes, em casos mais graves. Veja alguns deles:

– Não manter contato visual por mais de dois segundos;
– Fazer movimentos repetitivos sem função aparente;
– Alinhar objetos;
– Não atender quando chamado pelo nome;
– Hiperfoco: apresentar interesse restrito por um único assunto;
– Escolalia: repetir frases ou palavras em momentos inadequados, sem a devida função;
– Ser muito preso a rotinas a ponto de entrar em crise.

Vale lembrar que em 2007, a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou o dia 2 de abril como a data Mundial de Conscientização do Autismo. A cor azul, que representa o TEA é pelo fato da prevalência ser, em média, de quatro homens para cada mulher com o transtorno.

Foto: Divulgação/Amaes

Serviço:

Caminhada pelos Autistas

Concentração: Píer de Iemanjá, Praia de Camburi – Vitória
Horário: 08h30
Saída: 09h

A caminhada segue até o Hotel Aruan, onde acontece a dispersão. As famílias que participarem terão um momento de confraternização, com pipocas, brincadeiras e interação ao ar livre.