Saúde

Cardápio servido em creche de Guarapari gera polêmica; MPES investiga excesso de açúcar nos alimentos

Os pais das crianças alegaram que eles estavam recebendo biscoitos, arroz doce e achocolatados na merenda

Foto: Divulgação
Nutricionista explica que cardápio escolar deve ser baseado em fontes nutricionais, respeitando os índices de açúcares e gorduras estipulados pelo Guia Nacional de Alimentação. 

A queixa de uma mãe sobre a alimentação servida para o seu filho em uma unidade municipal de ensino infantil de Guarapari, no Espírito Santo, tem gerado um debate sobre a oferta de produtos industrializados, sobretudo, aqueles ricos em açúcar e até de sal, nas escolas.

O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio da Promotoria de Justiça de Guarapari, instaurou Procedimento Preparatório para apurar a oferta de alimentos inapropriados nas creches municipais. Crianças menores de dois anos estariam recebendo achocolatados, arroz doce e biscoito doce, que possuem excesso de açúcar na composição.

O MPES também notificou o prefeito de Guarapari e novamente a secretária municipal de Educação para que se abstenham imediatamente de ofertar nas creches municipais alimentos inapropriados à faixa etária dos alunos. Requer também que sejam observadas as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde (MS). 

A OMS e o MS não recomendam a introdução de açúcar no primeiro ano de vida da criança. Já médicos e nutricionistas advertem para que a administração seja iniciada aos dois anos. Para a nutricionista Alana Moraes Sessa, do programa Melhor da Vida da Samp, o ideal é sempre optar pelos açúcares mais naturais e, mesmo estes, a partir dos cinco anos de idade. Antes disso, o recomendável para bebês é o aleitamento materno exclusivo até os 6 primeiros meses de vida. 

“A partir daí introduzir alimentos naturais e saudáveis, como frutas, legumes em forma de papinhas, como também em pedaços pequenos. Ofertar as papinhas dos vegetais separados, isso ajuda os bebês a identificarem sabores”, explicou a nutricionista. 

Já para crianças com idade superior a dois anos, os pais ou responsáveis podem servir alimentos normais, lembrando que a preferência é sempre por biscoitos caseiros, frutas, vegetais, legumes, carnes, bolos caseiros, como de fubá ou de aveia com bacana, deixando de fora achocolatados, refrigerantes, por exemplo.

A nutricionista lembra, ainda, que na fase escolar a atenção deve ser redobrada para cobrar das escolas o controle sobre o que será servido. “As famílias devem fiscalizar a dieta da escola, como também estimular e incluir na lancheira dos pequenos produtos naturais, como sucos de frutas, sanduíches, evitando produtos industrializados ricos em açúcar refinada e sódio. Os pais têm papel importante na saúde dos filhos enquanto crianças e que vai refletir na fase adulta, contribuindo para um crescimento saudável, livre da obesidade e até mesmo da diabetes ou descontrole da glicose. A administração dos alimentos certos faz com que se tornem adultos conscientes, com capacidade para evitar abusos”.