Com a participação de pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, a Unidade de Terapia Fotodinâmica (UFT) da Santa Casa da Misericórdia de São Carlos (SCMSC) tratou com sucesso um caso de fibromialgia raro: o paciente é do sexo masculino, e a doença tem ocorrência relatada em mulheres em quase cem por cento dos casos. A terapia é baseada na aplicação, nas mãos do paciente, de ultrassom e laser gerados por um equipamento criado no Grupo de Óptica do IFSC.
Richard Carlos Rocha, 43 anos, relatou melhora das dores intensas sentidas por vários anos.
Das mãos para o cérebro
A terapia foi desenvolvida inicialmente para o tratamento da artrose e depois utilizada para o alívio das dores da fibromialgia, síndrome que afeta majoritariamente mulheres e que causa dores intensas por longos períodos e hipersensibilidade em músculos, articulações e outros tecidos moles.
“Quando o paciente chegou na clínica estava com tanta dor, e tão deprimido, que não me olhava nos olhos. Fiquei incrédulo tanto pelo estado dele quanto pelo fato de, pela primeira vez, estar diante de uma ocorrência da fibromialgia no sexo masculino”, lembra o fisioterapeuta. Richard Rocha, o paciente, teve a fibromialgia diagnosticada há cerca de 15 anos, por exclusão de outras patologias, mas os sintomas da doença se manifestavam desde a adolescência.
A terapia fotodinâmica combinou frequências específicas de ultrassom e laser e, ao invés de aplicadas diretamente no local onde ocorrem as dores, foram direcionadas para as palmas das mãos do paciente. “Um estudo observou que nas palmas das mãos de pacientes com fibromialgia existe um maior número de neuromecanorreceptores, terminais nervosos que chegam ao local e levam informações para o cérebro interpretar como dor”, relata a biomédica Heloísa Ciol, da equipe da UFT, que vê nesse processo a chave para entender as causas da doença.
“Acredita-se que a luz e o ultrassom têm efeito em toda o aparato sensorial que existe na mão, e que consegue levar informações para o cérebro, de forma que ele pare de interpretar que o corpo está em uma situação de dor constante, modulando assim os processos inflamatórios”, disse a médica.
Exercícios e alívio
“Você não consegue detectar de onde vêm as dores, ou seja, qual o ponto dolorido, pois ela é interna, localizada em diversos pontos. É insuportável mesmo”, relata Richard Rocha, que começou a sofrer de depressão há cerca de dez anos, após ter perdido seu negócio, que era único meio de sustento da família. Ao tomar conhecimento, por um amigo, do tratamento realizado na UFT, Richard entrou no programa e fez as primeiras dez sessões, mesmo sabendo que os procedimentos eram quase essencialmente dedicados a mulheres, não havendo, até então, registros da ocorrência de fibromialgia em homens.
Com informações da Universidade de São Paulo