O temor de entidades médicas é que uma eventual liberação do cigarro eletrônico no Brasil, além de criar uma nova geração de fumantes, desestimule aqueles que pensam em parar.
A redução do percentual de brasileiros dependentes de tabaco caiu 40% em pouco mais de uma década, segundo o Ministério da Saúde. Mas esse avanço pode estar ameaçado com a entrada dos cigarros eletrônicos e vaporizadores no mercado nacional, avaliam os especialistas.
“A indústria apresenta o cigarro eletrônico como uma alternativa para quem quer parar de fumar. É apenas mais uma estratégia. Já vimos no passado os filtros com baixos teores”, lembra o médico Ricardo Meirelles, pneumologista da Comissão Científica de Tabagismo da SBPT (Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia).
Ele ressalta que existem métodos para o tratamento do tabagismo, que incluem os adesivos ou gomas de mascar com nicotina, uso de medicamentos e readequação comportamental. Em média, largar o cigarro leva três meses.
Dados
O Brasil ainda tem cerca de 18 milhões de pessoas dependentes do tabaco, a grande maioria de cigarro industrializado. Estima-se que 156 mil brasileiros morram todos os anos em decorrência de doenças relacionadas ao tabagismo. Uma pesquisa do Ministério da Saúde identificou que o percentual de fumantes caiu de 15,6% da população em 2006 para 9,3% em 2018.
Combate
29 de agosto, Dia Nacional de Combate ao Fumo. A secretária-executiva da Comissão Nacional para Implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco do INCA (Instituto Nacional do Câncer), Tânia Cavalcante, alerta que os cigarros eletrônicos têm potencial para aumentar o número de pessoas que começam a fumar, colocando em risco a curva descendente vista até agora.
Fumar cigarro eletrônico por 10 minutos equivale a mais de 1 maço
De acordo com o Inca, “as evidências científicas apontam que tais produtos trazem riscos de aumento de iniciação entre os não fumantes, presença de substâncias cancerígenas no vapor, evidência de danos celulares no DNA, aumento de chance de infarto agudo do miocárdio e asma”.
O médico Meirelles explica que muitos desses dispositivos eletrônicos têm propilenoglicol e glicerol, substâncias que inflamam a mucosa brônquica. “Fumantes de cigarro eletrônico podem desenvolver asma, mesmo sem histórico prévio da doença. E aí surgem todos os problemas decorrentes da asma, como falta de ar e cansaço”.
* Com informações do Portal R7