Segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), três primeiros casos de Evali, lesões pulmonares associadas ao uso do cigarro eletrônico foram confirmados no Brasil. Os pacientes com os sintomas, usaram cigarro eletrônico com tetrahidrocanabinol (THC), principal substância psicoativa da maconha em dispositivos adquiridos nos Estados Unidos.
O pneumologista Elie Fiss, do Hospital Alemão Oswaldo Cruzs, afirma que os sinais da doença são tosse, falta de ar e mal-estar. Também podem ocorrer sinais relacionados ao sistema digestivo, como diarreia e náuseas.
O relato de uso do cigarro eletrônico nos últimos 90 dias é o diferencial para o diagnóstico da Evali, mas serve para casos suspeitos e confirmados da doença, segundo o médico.
Além disso, “o pulmão reage a muitos agentes agressores da mesma forma”, destaca o especialista. “A radiografia mostra lesões e aspectos semelhantes a outras doenças inflamatórias que atingem os pulmões. Além disso, ainda não temos um exame específico para a Evali”, explica. “Só com a biópsia é possível diferenciar”, acrescenta.
A SBPT recomenda para fazer o diagnóstico preciso, que sejam usados os critérios definidos pelo CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças), dos Estados Unidos.
Os EUA vivem um surto de Evali, com 2.291 pacientes hospitalizados e 48 mortes confirmadas neste ano, conforme dados do CDC. As pessoas mortas tinham entre 17 e 75 anos de idade. Dentre os hospitalizados, a maioria são homens com menos de 35 anos de idade.
Fiss alerta que o uso do cigarro eletrônico pode matar em um curto espaço de tempo. Apesar disso, muitas lojas online fazem uma propaganda enganosa do produto, inclusive no Brasil, onde a venda é proibida pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
“Elas [lojas] dizem que o cigarro eletrônico pode ser uma forma de largar o cigarro convencional, mas isso é uma grande mentira, porque existem esses casos agudos que levam à morte”, ressalta o pneumologista.
Segundo ele, no Brasil o uso de cigarros eletrônicos é subnotificado pelo fato de a venda ser proibida, mas estima-se que entre 0,5% e 1% da população o utilize. Já nos Estados Unidos, o consumo é mais frequente entre jovens – 27% deles fazem uso do produto. “Lá aconteceu o primeiro transplante de pulmão, feito em um garoto de 17 anos, por causa da Evali”, diz o médico.
O tratamento da doença é feito com hidratação, oxigênio e, quando necessário, ventilador mecânico. Fiss também costuma recomendar aos seus pacientes o uso de corticoides, que serve para tratar diversas doenças pulmonares.
Com informações do Portal R7!