O verão está chegando e junto com ele começam as preocupações mais exageradas e extremas com o corpo. São vários os fatores que influenciam inúmeras pessoas a irem em busca de procedimentos estéticos para corrigir, muitas vezes, pequenos detalhes no corpo e rosto. As mídias sociais, os amigos e a exigência da sociedade fazem com que os consultórios fiquem cheios de pacientes ávidos por cirurgia plástica. Muitos, entretanto, não podem, e alguns, não devem ser submetidos à cirurgia desejada.
“O histórico relacionado a saúde do paciente são fatores que devem ser sempre levados em consideração. Hipertensão arterial, diabetes e trombofilia familiar não são impeditivos se estiverem comprovadamente controlados. Pacientes submetidos a cirurgias bariátricas devem estar nutricionalmente equilibrados para então poderem se submeter a uma cirurgia plástica”, disse o médico membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Adriano Batistuta.
“Os fumantes podem ter problemas relacionados a cicatrização, pois o uso crônico de cigarros afeta a cicatrização e predispõe à necrose tecidual, especialmente em cirurgias com grandes retalhos, como abdominoplastias e ritidoplastias, que é a cirurgia para atenuar sinais visíveis de envelhecimento no rosto e no pescoço”, disse.
De todos os problemas relacionados acima, o mais preocupante atualmente é o Transtorno Dismórfico Corporal (TDC). “Esse é um transtorno mental, na maior parte dos casos ele é identificado nos consultórios dos cirurgiões plásticos, que devem fazer um encaminhamento para um psiquiatra, pois o transtorno mental caracteriza por afetar a percepção que o paciente tem da própria imagem corporal, levando-o a ter preocupações irracionais sobre “defeitos” em alguma parte de seu corpo”, relatou.
“A visão do paciente com relação ao seu corpo é distorcida pode ser totalmente imaginária ou estar baseada em pequenas alterações na aparência. O paciente que sofre de TDC maximiza esse ‘defeito’, relatando ao cirurgião o seu desejo de maneira exagerada. O problema acomete na maioria das vezes o sexo feminino”, afirmou.
Apesar de bem descrito há mais de uma centena de anos e de causar muito sofrimento, o TDC ainda recebe pouca atenção na rede assistencial e na literatura. Como o TOC, pode ser uma “doença oculta”, pois os portadores tendem a procurar dermatologistas ou cirurgiões plásticos, estimando-se que apenas cerca de 10% recebam atendimento apropriado.
“É muito importante detectar esse transtorno na consulta pré-operatória. Esses pacientes precisam de tratamento psiquiátrico antes de qualquer tipo de tratamento estético”, disse o médico.