O Brasil é o segundo país com mais casos de hanseníase, em primeiro está a Índia. Apesar de recorrente, a doença, que é popularmente conhecida como lepra, é cercada de tabus e desconhecida por grande parte da população. Para conscientizar e prevenir a enfermidade, o Ministério da Saúde criou o Janeiro Roxo, uma campanha que alerta sobre a doença.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), só em 2017 foram reportados mais de 26 mil casos da doença no País. A hanseníase é infecciosa e transmitida pela tosse ou espirro de uma pessoa contaminada. “Altamente contagiosa, pode ser transmitida até mesmo por meio do perdigoto. Mas, depois que a pessoa toma a primeira dose da medicação ela deixa de ser transmissora da hanseníase”, explica a dermatologista Lúcia Miranda.
Os sintomas incluem lesões, alteração da sensibilidade ou comprometimento dos nervos periféricos. Em um grau avançado, pode levar a incapacidades físicas permanentes, principalmente nas mãos, olhos e pés. “O principal meio de manifestação da doença é pelas lesões na pele e sintomas neurológicos como dormência e diminuição da força”, reforça a médica. Por isso, um dermatologista deve ser procurado assim que as manifestações cutâneas surgirem, para evitar complicações.
O Ministério da Saúde alerta que quanto antes diagnosticar a hanseníase e se medicar devidamente, menor a chance de sequelas. O tratamento- ofertado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS)- inclui antibióticos em poliquimioterapia podendo durar de seis meses a dois anos, dependendo do estágio da doença. “O médico deve ser procurado ao menor sinal da doença, para que o tratamento seja iniciado o quanto antes, evitando, assim, o contágio”, ressalta Miranda.
Reabilitação
Mesmo após a cura, a hanseníase pode deixar sequelas e deformações nas áreas afetadas. Para tanto, dependendo da gravidade, é necessário recorrer à cirurgias que devolvam o formato e a funcionalidade da área. O cirurgião plástico Bruno Luitgards, explica que realizar o procedimento plástico após se recuperar da doença pode trazer inúmeros benefícios: corrige a deformidade, resgata a função perturbada e aumenta a autoestima do paciente.
“Após a cura da hanseníase é possível fazer cirurgias reconstrutivas que ajudam o paciente na recuperação física e psicológica. É o caso da correção ocular e do lóbulo da orelha (que costuma aumentar em pessoas com hanseníase), da reconstrução nasal e das cirurgias de mãos e pés”, comenta o Dr. Luitgards.
Cirurgias delicadas podem ser necessárias mesmo durante o tratamento. “Na urgência, muitas vezes são necessárias correções de lagoftalmos, desbridamento de úlceras ou drenagem de abcessos. Nesta fase, o paciente pode ter doença ativa e isso pode desencadear piora de alguns sintomas, por isso o ideal é realizar o tratamento cirúrgico apenas após a cura”, alerta o cirurgião plástico.