Saúde

Com visão comprometida, moradora de Vitória consegue vaga após meses na fila de espera

Em Vitória, 15 mil pessoas aguardam por uma consulta com especialista; município passou a ofertar exames de média e alta complexidade

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A busca por atendimento médico em caso de especialidades, como oftalmologia, por exemplo, pode durar meses ou até mesmo anos no Espírito Santo.

Em Vitória, 15 mil pessoas aguardam por uma consulta com especialista. A maioria dos casos é considerada de média complexidade. E esse serviço geralmente não está disponível nas unidades básicas de saúde. 

Por isso, muito pacientes, após encaminhamento médico, entram para uma longa e demorada fila de espera.

A demora faz com que as pessoas que tentam acessar consultas com um especialista por do meio do Sistema Único de Saúde (Sus) abandonem o tratamento no meio do caminho.

A dona de casa Francyne Lagoa Oliveira, moradora da Capital, aguardava uma consulta com oftalmologista desde novembro do ano passado, totalizando quase seis meses de espera.

Há alguns anos ela havia feito exames que sinalizaram a necessidade de tratamento para o seu problema de visão, já que suas atividades estavam ficam comprometidas.

Coisas simples como ler, fazer pesquisas no celular e preparar o próprio café se tornaram tarefas complicadas para a dona de casa.

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“Há alguns anos fiz exames que mostraram a necessidade de acompanhamento com especialista. Mas, deixei de lado e os anos foram passando. Quando foi em 2023, senti que realmente precisava do tratamento e procurei a unidade de saúde aqui do bairro, momento em que o médico que me atendeu fez encaminhamento para o oftalmologista”, contou Francyne.

Na segunda-feira (01), Francyne foi surpreendida com uma notícia que a deixou esperançosa. Ela foi informada de que havia vaga para consulta com médico oftalmologista da rede municipal; o próximo seria confirmar a ida ao especialista pelo quanto tanto aguardou.

O contato com a dona de casa foi feito por meio de um canal de comunicação direto da Secretaria de Saúde de Vitória.

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“Recebi uma mensagem, no WhatsApp, da central de atendimento da prefeitura, falando que havia disponibilidade de uma consulta para mim esta semana. Fiquei muito surpresa com a forma de atendimento, já que foi rápida e prática. Foi tudo feito pelo telefone mesmo”, disse.

Maior procura por médicos oftalmologistas

O caso da Francyne se junta ao de outros moradores da Capital que, assim como ela, tentam na saúde pública tratamento para problemas relacionados à visão. 

Conforme dados da Prefeitura de Vitória, a maior demanda por especialidades na rede de saúde municipal se refere a consultas com oftalmologista. 

Para solucionar o gargalo causado pela alta procura, o município firmou, em 2022, um convênio com a Santa Casa de Misericórdia, na Capital, visando unicamente aos atendimentos nesta especialidade.

A iniciativa aumentou em 70% o número de consultas oftalmológicas e deu fim às filas de espera para consultas relacionadas a casos graves. 

Veja os números abaixo:

18 mil consultas e exames

Há ainda um convênio com Santa Casa para a disponibilização de 18 mil exames e consultas em especialidades não disponíveis nas unidades básicas de saúde. 

A expectativa é que a população tenha acesso a especialidades como: dermatologia, gastroenterologia, proctologia, endoscopia, entre outros. Anteriormente os exames de endoscopia eram disponibilizados pelo Estado.  

Até 2 anos de espera para exames de alta complexidade

Dados apurados pela reportagem do Folha Vitória apontam que mais de 10 mil pessoas em Vitória aguardam para a chance de realizar exames de alta complexidade na rede pública de saúde.

Um ponto a ser destacado é que grande parte dos procedimentos era somente realizada pelo Estado.

O Executivo municipal, que também passou a disponibilizar exames de alta complexidade para a população, espera resolver este outro gargalo da saúde a partir da disponibilização de aproximadamente 32,5 mil exames de alta complexidade, entre eles ressonância magnética, tomografia computadorizada, densitometria óssea, cintilografia, eletroencefalograma e polissonografia.

O município estima investimentos avaliados em R$ 6,1 milhões para concretização das ações.

Investimentos e redução de filas: 

Divisão de responsabilidade com o Estado

A Secretária de Saúde de Vitória, Magda Lamborghini, explica por que o município passou a ofertar exames e consultas de média e alta complexidade.

“Embora não seja apenas responsabilidade do município, Vitória está assumindo essa média e alta complexidade para que a gente possa dar mais qualidade de vida aos nossos munícipes”, afirmou.

Ao dar mais detalhes sobre qual seria o papel do município na resolução da demanda na saúde envolvendo os moradores da Capital, Magda ressaltou que há uma parte que é de responsabilidade do governo do Estado e que, segundo ela, o Executivo estadual às vezes não consegue atender com a agilidade necessária.

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“Por isso essa necessidade de comprarmos esses serviços para oferecer para nossa população. Para dar dinamismo, acesso, qualidade e agilidade nos atendimentos, porque, quanto mais a pessoa espera na fila, mais sua saúde vai se agravando”, frisou.

Ampliação e expectativa de zerar fila

O aumento da oferta de especialidades médicas pelo Executivo da Capital totalizou 1.045.535 de consultas e exames nos últimos três anos. Para isso foram investidos R$ 72,4 milhões

O resultado foi a ampliação dos atendimentos em 153%, de acordo com dados da prefeitura. Confira:

Para este ano, a prefeitura espera chegar à marca de 500 mil consultas e exames disponibilizados pela rede municipal.