Foto: Freepik
Foto: Freepik

A Páscoa chega e, com ela, o cheiro de chocolate parece invadir o ar. É comum que muitas pessoas se sintam ansiosas, culpadas ou descontroladas nesse período.

Algumas até tentam evitar o chocolate a todo custo, enquanto outras acabam exagerando e depois se arrependem. Mas será mesmo que precisa ser assim?

Leia também | Alergia alimentar e edema de laringe: saiba como prevenir crises

Chocolate na Páscoa: escolha equilibrada

A verdade é que é possível viver uma Páscoa gostosa, equilibrada e sem restrições radicais. E o segredo não está no tipo de chocolate que você escolhe, mas na forma como você se relaciona com ele.

Nem sempre é fome, e nem sempre é escolha consciente

Muitas vezes, a vontade de comer chocolate não nasce da fome verdadeira, mas da simples disponibilidade.

O chocolate está ali, fácil, acessível, presente em toda parte. E nosso cérebro, que adora recompensas rápidas e estímulos doces, se interessa de forma quase automática.

Além disso, o consumo pode ser influenciado pela ideia de escassez: “É só na Páscoa que eu posso comer isso”, ou “depois volto pra dieta”.

Isso ativa um modo de pensamento chamado mentalidade de tudo ou nada, que leva ao famoso “já que comecei, agora vou até o fim” – e o fim só chega quando a embalagem está vazia e você comeu mais do que o necessário.

O proibido é sempre mais desejado

Quando um alimento é visto como vilão, a simples presença dele já é suficiente para gerar ansiedade e perda de controle. O problema não está no chocolate, mas na proibição que você criou em torno dele.

Quanto mais você evita, mais ele ocupa espaço na sua cabeça. E quando você finalmente cede, é comum que aconteça o exagero.

Por isso, ao invés de evitar o chocolate, o que ajuda de verdade é incluir com atenção, prazer e consciência.

Comer com atenção, sem distrações, saboreando cada pedaço e reconhecendo os sinais do corpo (como saciedade e a satisfação) é uma forma poderosa de sair desse ciclo de culpa e exagero.

E quando é a emoção que está com fome?

Reuniões familiares, lembranças da infância, cobranças internas e até a comparação com o corpo e a alimentação dos outros podem intensificar a fome emocional.

Nesses momentos, o chocolate acaba sendo uma forma rápida de aliviar a tensão, o que é compreensível, mas nem sempre resolutivo.

Nesses casos, antes de comer, vale se perguntar: “O que eu realmente estou precisando agora?”

Talvez seja descanso ou só um momento de pausa. Aprender a reconhecer esses sinais te ajuda a fazer escolhas mais conectadas com o que o corpo e a mente realmente precisam.

Estratégias para viver a Páscoa de forma leve e consciente

  • Escolha o chocolate que você realmente gosta, não o que parece “mais saudável”. Comer o que você não gosta só para tentar “ser fitness” costuma gerar insatisfação e aumento do desejo depois. Você vai acabar comendo a versão “saudável” e o que você gosta, sendo que poderia ter comido só o que você prefere.
  • Estabeleça um momento para saborear. Nada de beliscar o dia todo. Reserve um momento calmo e intencional para comer, e aproveite com atenção plena.
  • Desfaça a ideia de “só hoje pode”. Durante todo o ano você busca “desculpas” para viver dessa frase: “é só hoje na Páscoa”, “é só esse mês nas festas juninas”, “é só hoje no Dia dos Namorados”, “é só agora nas férias”. Você precisa aprender a comer de forma equilibrada em qualquer momento no ano, se libertando dessa sensação de que o chocolate (ou qualquer outra comida) te controla.
  • Seja mais gentil com você mesma. Um chocolate não define sua saúde, seu valor ou sua disciplina. O que define é o conjunto do que você faz, vive e sente todos os dias, não só na Páscoa.

Não viva em guerra com a comida

A sua saúde não está em risco por causa do chocolate da Páscoa, mas pode estar sim em risco quando você vive em guerra com a comida.

Nesta Páscoa, o convite é outro: fazer as pazes com o chocolate, com o seu corpo e com a sua história em relação à alimentação.

A alimentação saudável também é feita de momentos de prazer. E aprender a viver esses momentos sem culpa é um passo enorme na construção de uma relação mais leve e prazerosa com a comida.

Isabele Lessa

Colunista

Nutricionista Clínica e Comportamental, especialista em Saúde da Família e seu objetivo aqui na coluna Vida Saudável é trazer informações sobre alimentação saudável e comportamento alimentar sem terrorismo nutricional. @nutribelelessa

Nutricionista Clínica e Comportamental, especialista em Saúde da Família e seu objetivo aqui na coluna Vida Saudável é trazer informações sobre alimentação saudável e comportamento alimentar sem terrorismo nutricional. @nutribelelessa