Por: Deborah Giannini, do Portal R7
Alugar ou comprar um aparelho de ultrassom durante a gravidez, para poder dar uma olhadinha no bebê quando quiser, como fez a cantora Ivete Sangalo em sua primeira gestação, e o ator Tom Cruise, ao ser pai da Suri, em vez de reduzir a ansiedade pode ter um efeito inverso.
O Conselho Federal de Medicina determina que só médicos realizem e interpretem exames de ultrassom. O médico Hérbene Milani, especialista em medicina fetal do Hospital e Maternidade Santa Joana, alerta que procedimentos realizados em casa, não apenas com aparelhos de ultrassom, mas também com o sonar (espécie de amplificador de som), que mostra os batimentos cardíacos do feto, se utilizado por leigos, leva ao risco de más interpretações, gerando ansiedade desnecessária nos pais.
“O ultrassom é um exame totalmente seguro, não oferece nenhum malefício para o bebê e mãe, pois não emite radiação. É uma onda de som não audível ao ser humano, que vai de 2 a 14 megahertz. Portanto, não existe um limite de quanto se pode fazer durante a gestação”, afirma.
“Mas o problema é o erro de diagnóstico. A pessoa pode até comprar o aparelho, mas se não há um médico especializado para manusear e interpretar o que está sendo visto isso pode causar uma ansiedade maior na grávida”, completa.
O mesmo vale para o uso do sonar. “Pode ser uma ferramenta que tira a ansiedade, por exemplo, ‘deixa eu ouvir o coração do meu bebê’, como pode ser o contrário, caso a pessoa não saiba localizar o coração”, ressalta.
O objetivo do ultrassom obstétrico é acompanhar o desenvolvimento do feto e detectar eventuais anomalias. Segundo Milani, são quatro exames básicos de ultrassom obstétrico no pré-natal: o transvaginal do primeiro trimestre, o morfológico do primeiro trimestre, o ultrassom do segundo trimestre e o ultrassom com doppler.
O ultrassom transvaginal do primeiro trimestre confirma se a gestação está dentro do útero e não é ectópica (nas trompas, ovários ou abdome), o tempo gestacional e se é unica ou gemelar, além da vitalidade do embrião – se o coração está batendo. Geralmente é feito em torno da 6ª semana.
Já no morfológico do primeiro trimestre, realizado entre a 11ª a 14ª semana, é analisada a anatomia do feto e é feito um rastreamento de síndromes cromossômicas. As análises de translucência nucal e osso nasal, parâmetros para detectar a Síndrome de Down, fazem parte desse exame.
A translucência nucal é uma medida que é feita na nuca do bebê. Quando inferior a 2,5 cm, é considerada de menor risco para síndromes. Além desse parâmetro, a análise do osso nasal e do ducto venoso complementam essa margem de risco, segundo o médico, explica. A ausência de osso nasal eleva o risco. O ducto venoso alterado indica anomalias do coração, que também podem estar relacionadas a síndromes.
O próximo exame é o morfológico do segundo trimestre, feito entre a 20ª e 24ª semana, no qual é possível observar toda a anatomia do bebê. Além de verificar se o crescimento do bebê está dentro dos parâmetros, placenta e líquido amniótico, também observados no exame anterior. Também é feita a medida do colo do útero (exame chamado medida do colo uterino), transvaginal, para checar risco de parto prematuro. Esse acompanhamento pode ser feito ao longo de toda a gestação.
Já no terceiro trimestre é feito um ultrassom entre a 30ª e 34ª semanas para avaliar apenas o crescimento do bebê. Há possibilidade da avaliação do fluxo sanguíneo entre mãe e filho por meio do ultrassom com doppler. Nesse exame, são avaliados o fluxo da placenta por meio das artérias uterinas e o fluxo fetal por meio da artéria umbilical, que confirma se a placenta está nutrindo o bebê, além do fluxo da artéria cerebral, que avalia se a oxigenação do bebê está adequada. “Não é um exame obrigatório, mas, na minha opinião, é importante para analisar a vitalidade do bebê”, explica.
Todos esses exames são bidimensionais. Os exames 3D e 4D são considerados adicionais, segundo o médico. “Estão mais ligados à questão do baby face, dos traços do rosto. Mas, além disso, é uma ferramenta importante para o obstetra no caso de uma má formação ou alteração fetal”, explica.
A diferença entre o 3D e o 4D é que no primeiro a imagem é estática, já o segundo é o 3D em movimento, em “tempo real”. “Todos os exames devem ser indicados por um obstetra e realizado por um médico”, ressalta Milani.