Saúde

Conselho de Medicina cria campanha para incentivar população a ir ao médico

Dados do Portal da Transparência de Registro Civil mostram que, no Espírito Santo, 788 pessoas morreram por doenças cardíacas entre janeiro e junho

Foto: reprodução pixabay

Com medo de contrair o novo coronavírus, pacientes já diagnosticados com doenças crônicas estão deixando de ir ao médico. Outras começaram a sentir sintomas que podem indicar doenças graves, mas não procuraram atendimento médico, com medo de ir a um hospital e se tornar mais uma vítima da pandemia. Para mudar esta realidade, o Conselho Regional de Medicina criou uma campanha para conscientizar as pessoas. 

Há cerca de um ano e meio, a advogada Cláudia Bragio, de 48 anos, foi diagnosticada com um problema grave no coração. O músculo cardíaco só estava trabalhando com 13% da capacidade. Sem poder esperar um transplante, um desfibrinador foi implantado dentro do coração dela. 

Por causa da gravidade da doença, é vital para Cláudia ter acompanhamento médico constante. Mas o medo de contrair a covid-19, afastou a paciente dos consultórios. “Alguns cardiologista que me acompanham, andaram marcando consultas querendo me ver, mas o meu medo é muito grande. Vemos muitas pessoas saindo na rua colocando as pessoas na risco”, afirma. 

O cardiologia Melchior Lima explica as consequências para a saúde de doentes crônicos que estão expostos à pandemia, caso não mantenham o devido acompanhamento médico. O médico alerta para o risco de ignorar sintomas de possíveis enfermidades, como uma simples dor abdominal que pode esconder algo mais grave.

“Nós tivemos alguns casos, por exemplo, em que a pessoa tem muita dor no peito. Mas, com medo de ir para o hospital., vão tentando controlar a dor.  Elas só vão para o hospital quando não aguentam mais. Muitos chegam enfartados. Casos que poderiam ser evitados, acabam em óbito. Nas últimas consequências, as pessoas são operadas em quadros mais graves, o que aumenta o risco”, explica. 

Dados do Portal da Transparência de Registro Civil mostram que, no Espírito Santo, 788 pessoas morreram por doenças cardíacas entre janeiro e junho de 2020, contra 678 no mesmo período do ano passado. Foram 110 óbitos a mais que se acentuou nos meses de abril, maio e junho.

Em abril de 2020, 114 morram por doenças cardíacas, contra 94 em 2019. Maio deste ano registrou 157 mortes, 29 a mais que no ano passado. Neste mês foram registrados 137 óbitos e, em 2019, 126. 

O Conselho Regional de Medicina quer evitar que o medo de ir ao hospital provoque um aumento de outras doenças, de coração, neurológicas e até de câncer. Por isso, de acordo com o presidente do órgão Celso Murad, lançou uma campanha incentivando a população a procurar ajuda médica sempre que sentir algo de errado.

“Aqueles pacientes que tem quadros crônicos, devem procurar um médico desde que recebam orientações de segurança. É fundamental que isso ocorra para que os casos não se agravem e sobrecarreguem as unidades de pronto atendimento”, orienta. 

Depois de colocar na balança o medo do vírus e o risco à própria saúde, a Cláudia tomou a decisão correta. Seguindo todos os protocolos de segurança, agendou uma consulta com o cardiologista para a próxima semana. “Eu tenho muito receito de agravar. Tenho dores durante a noite e, do jeito que tá, não dá para ficar”, disse. 

*Com informações do repórter da TV Vitória/Record TV, Alex Pandini. 

Foto: Thiago Soares/ Folha Vitória
Gabriel Barros Produtor web
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Graduado em Jornalismo e mestrando em Comunicação e Territorialidades pela Ufes. Atua desde 2020 no jornal online Folha Vitória.